O primeiro detalhe que muitos de nós observamos num automóvel é a sua cor, só depois dando atenção à forma, ao design e aos pormenores. Talvez ainda mais importante, é o facto dessa escolha permitir que os clientes possam expressar algo sobre si próprios ou sobre a sua relação com o automóvel, algo que está na génese do conceito Jinba Ittai, representação da união entre o automóvel e o seu condutor e que está subjacente a todos os modelos da Mazda.

Os esquemas de cores progressivas remontam aos primeiros modelos da Mazda. O Mazda R360 Coupé, o primeiro automóvel ligeiro produzido em série pela marca, chegou ao mercado em 1960 com uma seleção de cores refrescantes, incluindo tons como verde-menta, azul-celeste e vermelho-vivo, transmitindo dinamismo e oferecendo uma variedade de tons. O modelo incluía ainda algumas opções a duas cores, no que era uma raridade entre os microcarros da época.

Nos anos seguintes, a Mazda continuou a propor opções de cores fora do comum, avançadas em termos de conceito, como a aplicada ao icónico Mazda Luce, por exemplo, disponível com elegantes acabamentos em tons dourado e prateado.

Do “Vermelho Mazda” ao “Vermelho Soul Crystal”
O vermelho não é apenas uma cor qualquer. Aquela que é uma das primeiras cores nascidas da criação humana surgiu quando os nossos antepassados pré-históricos misturaram pedra ocre moída com água, criando uma pasta avermelhada. Desde então, o vermelho tem assumido inúmeros significados em todas as culturas, desde o amor ardente, à raiva violenta, passando pela sensação real de poder, de prosperidade ou de felicidade. Comum a todos é o facto de que, por todo o mundo e ao longo dos séculos, o vermelho ser associado a emoções fortes, traduzindo-se, no nosso subconsciente profundo, em temas como a sensualidade, a paixão… e, claro, uma certa dose de perigo!

Não surpreende, por isso, que a cor vermelha tenha sido historicamente adotada no mundo automóvel pelo empolgante e apaixonante segmento dos automóveis desportivos. Quando a Mazda fez a sua primeira incursão no segmento dos automóveis ligeiros com o Mazda R360 Coupé, em 1960, o “Vermelho Mazda” já era uma das cores que os clientes podiam escolher. Com o passar dos anos, esse tom estabelecer-se-ia, gradualmente, como a cor de destaque, criando-se, ao longo das décadas, muitas iterações dessa icónica tonalidade: do “Sunrise Red”, com tons alaranjados do Mazda RX-7, ao mais profundo “Burgundy Ice Metallic”, das populares séries 323 e 626 da Mazda, passando pelo arrojado e brilhante “Classic Red”, introduzido com o lendário MX-5 .

Um novo capítulo do vermelho teve início em 2012, associado à introdução do design Kodo, linguagem que visa captar a beleza do movimento de um objeto estático, através de formas fluidas e dinâmicas. A equipa de design eliminou todas as linhas de carácter dos painéis laterais do automóvel, dando origem a uma tela em branco para ser pintada pela luz. Enquanto as sombras e o sol dançam nos painéis da carroçaria, esta forma única cria padrões em constante mudança que dão uma ilusão de movimento, mesmo quando o automóvel está parado. Para dar ainda mais vida ao Kodo, os designers da Mazda criaram uma nova cor registada denominada “Soul Red”, ou “Vermelho Soul”, tonalidade viva e altamente saturada que se sintoniza, na perfeição, com a nova linguagem de design.

Mas, mesmo mantendo-se fiel ao estilo da Mazda Keiichi Okamoto e a sua equipa continuavam insatisfeitos. Juntos, definiram o ambicioso objetivo de criar o vermelho mais belo do mundo. Um vermelho que parece brilhante no específico ponto onde é atingido pela luz, mas ao mesmo tempo rico e escuro quando colocado na sombra, um vermelho que transporta uma profundidade de cor que quase parece translúcida. “Pretendo um tom de vermelho profundo como o vermelho translúcido dos rubis ou do vidro vermelho”, afirmou Okamoto, sendo que logo a sua equipa pôs mãos à obra. O resultado foi apresentado em 2017 com o lançamento da cor de marca “Soul Red Crystal” (“Vermelho Soul Crystal”).

Takuminuri

Para criar este maravilhoso e complexo tom de vermelho, a Mazda desenvolveu uma abordagem radicalmente nova para o processo de pintura, que é aplicado em três passos: a primeira camada colorida de tinta inclui dois tipos diferentes de flocos de alumínio, um altamente refletor e o outro absorvente de luz; a sua distribuição é meticulosamente controlada para atingir a dispersão ideal de luz e sombra por toda a carroçaria do veículo; a segunda, uma camada translúcida, inclui pigmentos com elevado grau de saturação, que aumentam a profundidade da cor sem impedir a luz de atingir os flocos de alumínio que se encontram por baixo; uma terceira camada, superior e transparente, acrescenta brilho extra e protege a pintura da carroçaria contra as influências ambientais.

O resultado é uma cor viva e atraente, com mais 20% de saturação de cor e mais 50% de profundidade do que o “Vermelho Soul” original, efeito extraordinário que apenas foi possível de alcançar focando-se na verdadeira essência do vermelho, abdicando-se de qualquer pigmento laranja ou azul, que não desempenham qualquer papel na criação de reflexos magmáticos e sombras profundas e escuras nesta cor específica.

A tonalidade está, assim, em perfeita harmonia com a filosofia global do design Kodo da Mazda, que visa exprimir a beleza do próprio movimento através de um desenho simples, mas expressivo e emocional. Assim, uma pergunta engloba a própria resposta: Que melhor tom há para sustentar esta visão do que o vermelho, a cor mais emocionante de todas?
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