A Formula E regressou este fim-de-semana para mais uma temporada. A Cidade do México foi o palco escolhido para a primeira corrida da nona temporada, que marca a chegada de uma nova geração de monologares. O Gen3 representa um salto tecnológico importante — mais potência, mais velocidade, maior recuperação de energia. A emoção está garantida.

Esboçada em Paris a 3 de Março de 2011, num jantar entre Jean Todt, o então Presidente da FIA, e Alejandro Agag um reputado ex-político espanhol e homem de negócios, a série de corridas citadinas, com monolugares 100% eléctricos tornar-se-ia realidade cerca de três anos depois, em 2014.
Olhada inicialmente com muita desconfiança, a inovadora Formula E, é o primeiro campeonato ou série de desporto motorizado integralmente corrido com viaturas 100% eléctricas. Este foi evoluindo ao longo das temporadas, e a Fórmula E passou de patinho feio a algo cada vez mais estruturado, impondo a sua lei e conquistando um leque de preparadores automóveis e de construtores que decidiram apostar na categoria. Marcas como a Audi, a BMW, a DS Automobiles e a Mercedes viram aí a oportunidade para fortalecer a sua imagem numa altura em que a eletrificação é a palavra de ordem.
Fantástica evolução
De 150 kW (200 cv) na primeira temporada em set-up de corrida e 225 km/h de velocidade, com os pilotos a terem de mudar de monologar durante a corrida , esta foi evoluindo sem parar para chegar aos 225 kW (301 cv) e 250 kW (335 cv) em Qualificação e 280 km/h de velocidade máxima, seis épocas depois. Segue em 2018 a segunda geração de automóveis, denominada Gen 2.

O Gen2 tornar-se-á, assim, no monolugar mais rápido de sempre, bem como o mais eficiente, independentemente das categorias de fórmulas consideradas, viu a autonomia das baterias de iões de lítio crescer para os 54 kW/h, e ganhou quase o dobro da capacidade energética utilizável, o que passou a permitir que os monolugares cumprissem um E-Prix na totalidade. Todas estas mudanças permitiram aos pilotos e às respectivas equipas de engenheiros que se entregassem a uma bem pensada gestão da energia disponível ao longo das disputadas corridas.

A tudo isto adicionam-se umas dezenas de kW extra proporcionados pelo chamado “Attack Mode”, um powerboost de umas dezenas de kilowatts adicionais durante uns preciosos minutos. O campeonato do mundo de Formula E passou a proporcionar em múltiplas ocasiões, corridas discutidas até final por uma mão-cheia de pilotos e de carros, sem que se consiga ter 100% de certeza de quem vai ganhar.
A chegada do Gen3
Com a 9ª temporada chega também o Gen3. Os carros serão totalmente diferentes na pista este ano, e o que os pilotos terão que fazer para tirar o máximo proveito deles é muito diferente. O carro em si é muito mais potente do que na temporada passada, com uma potência de 300 kW (402 cv) em configuração de corrida e 350 kW (470 cv) em set-up de qualificação.
O Gen3 é o primeiro Fórmula E com motores eléctricos montados em ambos os eixos, com níveis de regeneração de 350 kW atrás e de 250 kW no gerador da frente, mais do que duplicando a capacidade da anterior geração para um máximo de 600 kW. Também a velocidade maxima aumenta, agora de 320 km/h, ou até ligeiramente superior.

Outro aspecto a ter em conta são os travões e pneus, talvez sejam as coisas mais importantes que os pilotos deverão dominar. Os travões são agora quase exclusivamente acionados por cabo, o que significa que a sensação do pedal é totalmente diferente, não apenas de um carro de corrida tradicional, mas também de um carro de Fórmula E da geração anterior.
Os pneus são agora fornecidos pela Hankook, que desenvolveu um pneumático totalmente novo em borracha natural e fibras recicladas, um composto mais duro e durável, que por isso se comporta de maneira muito diferente.
Novas equipas novas regras
Com a chegada dos novos monolugares, chegam também novas equipas e mudam-se algumas regras. Destaque para o fim do “Fan Boost”, que consistia numa votação do publico online que antecedia cada corrida, a um grupo de cinco pilotos, dandá-lhes um impulso extra e momentâneo de uns meros 5 segundos, que ajudava, e muito, numa potencial ultrapassagem ou na defesa de uma posição.
Assim como o “Attack Mode”, em que a partir de agora os pilotos têm maior liberdade para escolher a sua estratégia, podendo optar por períodos de ativação de 1, 2 ou 3 minutos num total de 4 minutos. Dispondo em cada corrida de dois Attack Mode.

Nalguns E-Prix será ainda testado o “Attack Charge” , que consiste numa paragem obrigatória nas boxes de 30 segundos para um carregamento rápido, e assim poder desbloquear os dois períodos de Attack Mode.
Quanto ao paddock a grande novidade é a chegada da McLaren que vem substituir a campeã Mercedes, assim como a Maserati totalizando duas marcas do grupo Stellantis presentes na grelha de partida em conjunto com a DS. A espanhola Cupra associada à ABT vem completar o paddock de 11 equipas.

E como esperado o 1º E-Prix da temporada não defraudou as expectativas, muita emoção, algumas picardias entre pilotos e muita estratégia das equipas na gestão da energia. A grande vencedora deste fim-de-semana no Autodromo Hermanos Rodriguez foi a Porsche que viu as equipas equipadas com as suas unidades motrizes a dominar a prova. O britânico Jake Dennis da Avalanche Andretti venceu a prova, o seu companheiro de equipa André Lotterer ocupou a 4º lugar, por seu lado, Pascal Whehrlein da equipa oficial Porsche conquistou a 2ª posição e o “nosso” Antonio Felix da Costa, este ano a representar a Porsche ficou-se pelo 7º lugar. Uma corrida marcada pela chegada do novo monolugar Gen3 e novos pneus a imporem novos hábitos de pilotagem, para quem não conhece este é sem duvida um campeonato a seguir com atenção.