Todos temos a nossa garagem de sonho, que reúne as nossas principais preferências automobilísticas. O automóvel de hoje é sem dúvida parte integrante da minha. Imagine poder chegar aos 300 km/h com toda a família e toda a bagagem para as viagens de férias. Isso é o que nos propõe a Audi com a carrinha RS6, já lá vão 20 anos.

Ao propor a RS6, a Audi criou um segmento que conseguiu reunir num só veículo as duas concepções automobilísticas que mais se opõem, a das carrinhas familiares com a dos superdesportivos. E fez das carrinhas super-desportivas a sua especialidade.
A origem
Durante a década de 80, a BMW e a Mercedes lutaram numa competição desenfreada para dominar o mercado “premium”, propondo cada vez mais potência, cada vez mais conforto, com o empenho dos departamentos Motorsport e AMG.
A Audi por esta altura ainda era considerada um “outsider”, e estava apostada em conquistar o seu lugar ao sol. Pelo que havia necessidade de marcar a diferença.

Surge assim a ideia de criar algo novo. Em 1994, a Audi apresenta a primeira carrinha desportiva — a RS2. Concebida em colaboração com a Porsche, esta desenvolvia já 315 cv e marcava o início de uma longa linhagem. Seguiu-se-lhe no ano 2000 a RS4 de 380 cv, estes dois modelos permitiram à Audi de ganhar uma imagem de prestígio capaz de afrontar os seus dois concorrentes.

Continuando a sua política de desenvolvimento da gama, surge em 2002 a primeira geração do modelo RS6. Feito com base na geração C5 do Audi A6, este era então o automóvel mais potente proposto pela marca germânica.
Proposto nas versões berlina e carrinha (Denominada Avant), o RS6 vinha equipado com o motor V8 de 4.2 litros de cilindrada revisto pelos ingleses da Cosworth, que lhe acrescentaram dois turbos, conseguindo assim extrair 450 cv e 560 Nm de binário.
Dotado da famosa tracção integral Quattro, o RS6 precisava de apenas 4,7 segundos para realizar o exercício dos 0 aos 100km/h.

Para poder receber tal motorização a Audi viu-se obrigada a aumentar o comprimento da carroçaria de 4 cm em relação ao A6 “normal”. Apesar de umas jantes de maiores dimensões e da dupla saída de escape, este continuava com uma aparência que primava pela descrição e sobriedade.
Motor de Lamborghini
Seis anos depois, chega a segunda geração RS6. E desta vez, a Audi não foi lá com meias medidas, ao instalar-lhe sob o capô um motor V10. Nada mais, nada menos do que aquele que equipava o Lamborghini Gallardo, com cerca de 5000 cm3, para uma potência de 580 cv. Coisa nunca vista neste género de veículo familiar.

Para garantir a perfeita lubrificação do motor em curva, a Audi optou pela utilização de um cárter seco, tal como os motores de competição, o que também permitiu baixar o centro de gravidade. Esta RS6 era a primeira carrinha a atingir os 300 km/h, pelo que a marca alemã não hesitou em equipá-la de travões cerâmicos para uma travagem optimizada.
Regresso ao V8
A presença do grande motor V10 limitava a agilidade da RS6 em curva, devido ao peso elevado sobre o eixo dianteiro. Pelo que ao lançar a terceira geração a Audi regressou ao “pequeno” motor de 8 cilindros em V.

Com esta nova motorização V8 de 4 litros bi-turbo, e apesar de menos potente, os engenheiros alemães conseguiram ganhar em dinamismo. Os vinte cavalos perdidos, foram compensados com um binário superior, o que permitia à RS6 de manter e até de melhorar as suas performances.

A consagração
Depois de ter abandonado a versão berlina na geração anterior. A Audi apresentou em 2019, a última evolução da RS6 Avant, com base na geração C8 do Audi A6.
Esta manteve o mesmo motor V8, mas agora dotado de sistema mild-hybrid de 48 volts. Para reduzir ainda mais os consumos, a Audi RS6 oferece também a possibilidade de desligar até metade dos cilindros.

Com uma potência que chega agora a 600 cv e uns monstruosos 800 Nm de binário, a carrinha super-desportiva da Audi cumpre o exercício dos 0 aos 100 Km/h em apenas 3,6 segundos e atinge os 250 Km/h de velocidade máxima. Velocidade que pode subir para os 280 Km/h ou 305 Km/h caso se opte pelos packs Dynamic e Dynamic + respectivamente.
Se as primeiras gerações eram mais do tipo lobo em pele de cordeiro, esta última RS6 assume-se sem complexos com uma estética agressiva. Assim apenas partilha com as versões “normais” do A6, as portas dianteiras, o tejadilho e o portão da bagageira, todos os outros painéis são novos.

Com mais 80 mm de largura que a Audi A6 Avant, a marca alemã viu-se obrigada a criar novos guarda-lamas dianteiros e traseiros específicos à RS6, assim como novas portas traseiras.
Uma carrinha com performances de super-desportivo — o futuro da Audi RS6 ainda é incerto, mas este será certamente eléctrico… resta agora saber se está electrificação será total, ou apenas parcial.
One thought on “Audi RS6 : 20 anos de uma carrinha como nenhuma outra!”