MG B: Incontornável

A mítica marca inglesa Morris Garage, mais conhecida por MG regressou depois de um longo período de ausência. Ressuscitada pelo grupo chinês SAIC, a MG decidiu para o seu regresso à Europa privilegiar a razão à emoção, propondo uma gama de automóveis 100% eléctricos de características mais familiares, rompendo com a sua tradição. Mas hoje vamos falar de emoção, do tempo em que a MG era uma referência nos descapotáveis desportivos. Vou falar-vos do MG B, talvez o modelo mais conhecido da marca inglesa, que fez as delicias dos entusiastas durante cerca de 18 anos. Bons e leais serviços que lhe permitiram ser considerado durante muito tempo o roadster mais vendido do mundo. Esta é a sua história

Trata-se de um fenómeno curioso, para não dizer contraditório, mas a Grã-Bretanha é por excelência o país do descapotável, mais precisamente do “roadster” apesar da sua meteorologia.

MG A Hard-top

O roadster é um género automóvel que se inspira nos genes dos motociclos, senão vejamos: Este está desprovido de uma capota digna desse nome; está desprovido vidros nas portas laterais que na maioria das vezes se vêm privadas de puxadores, nalguns casos são mesmo as portas que não passam de uma miragem.

Isto sem falar das suspensões que transformam estes carros em verdadeiros cavalos selvagens. São sem duvida estas características que tornam os roadsters máquinas a sensações fortes que se podiam na altura adquirir a um preço acessível.

E havia por onde escolher, nos anos 60 havia cerca de uma dezena de proposições no mercado. Tais como, os Triumph TR2 e TR3; os Austin Healey 100 e Sprite e; os MG (Morris Garage) serie T e MG A, entre outros.

O MG A era a referência dos anos 50

Este último alcança um enorme sucesso entre 1955 e 1962, o MG A tinha uma aparência mais moderna e era mais confortável que os principais concorrentes. Este vendeu-se a mais de 100 mil exemplares, uma grande parte nos Estados Unidos da América. Não nos esqueçamos que do outro lado do atlântico eram uns fervorosos adeptos destes pequenos veículos ingleses cheios de charme. O mercado está em plena expansão, quando em 1962 chega o substituto do MG A.

Fazer novo com velho!

Não vai ser tarefa fácil, pois desenvolver um novo modelo envolve custos elevados. E por esta altura a pequena firma inglesa não está a nadar em dinheiro, pois grande parte foi absorvido pelo departamento de competição e pelas escolhas técnicas audaciosas, mas também muito dispendiosas. Pelo que o desenvolvimento do novo MG B deverá fazer-se com uma certa preocupação pela economia.

O sistema de quatro rodas independentes inicialmente imaginado dará lugar a um tradicional eixo traseiro rígido. Quanto às motorizações, não é melhor. Se algumas inovadoras soluções foram testadas, tal como o ambicioso V4 que era declinável em seis cilindros em V. Os engenheiros viram-se obrigados a recorrer ao velho motor do MG A, este vê a sua cilindrada subir para os 1798 cm3 e a fiabilidade melhorada.

Um acréscimo de potência e de binário é inevitável, pois o novo MG B é dotado de uma nova plataforma monobloco, esta oferece mais rigidez mas é também mais pesada. Ainda se considerou a possibilidade de utilizar alumínio nas portas e no capô para superar este acréscimo de peso, mas depressa desistiram por falta de meios.

Contrariamente ao que se diz, as linhas fluidas do novo MG B não se devem a Pininfarina, mas sim a Don Hayer, o jovem designer da casa. O italiano apenas teve o papel de consultor no projeto. Com um design mais consensual do que o MG A, o estilo inova e rompe com o do seu antecessor. O MG B vai aproximar-se do recente MG Midget.

Mais curto e mais largo que o MG A, o novo roadster da Morris Garage oferece mais espaço a bordo e está dotado de mais equipamento. Ganha vidros descendentes nas portas laterais, que recebem enfim uns merecidos puxadores e uma fechadura. Um autêntico luxo na altura!

O que causa uma boa impressão junto do público durante a sua apresentação em setembro de 1962. O sucesso não se fez esperar, o MG B vendeu 25 mil unidades no seu 1º ano de comercialização, uma média que iria manter e nalguns anos mesmo superar até ao fim da sua carreira.

MG B GT

Uma carreira com uma notável longevidade, fruto de inúmeras actualizações. O aparecimento de um overdrive em 1963, no ano seguinte recebe uma nova cambota que vem melhorar a fiabilidade do motor. Mas vai ser preciso esperar alguns anos até a chegada do MG B GT, que será a versão coupé.

MG B GT

Em 1967 é a chegada do motor de seis cilindros oriundo da Austin Healey. Depois de alguma hesitação, a British Motors Company que detinha as duas marcas decide dar alguma nobreza ao MG B com este novo motor. Denominando esta versão de MG C, a ideia inicial era boa, mas este era muito mais pesado do que a versão de 4 cilindros o que iria prejudicar fortemente as prestações. Este acaba por revelar-se se um fracasso comercial.

O MG C reconhecia se pelo seu capô

Para fazer esquecer o desastre MG C, a marca inglesa decide tentar de novo lançando uma versão mais desportiva e mais exclusiva. Para isso vai recorrer desta vez ao V8 de 3.5 litros utilizado pela Rover de origem Buick. Depois de algum atraso o MG BV8 acaba por ver a luz do dia em 1973 em plena crise do petróleo. Ou seja, na pior altura tendo em conta os seus consumos, o que somado à recusa do modelo pelas entidades norte-americanas acaba por condená-lo. Vendido apenas no mercado interno o MG BV8 não excedeu as 300 unidades.

MG B V8

Fim do reinado

O inicio dos anos 70 é marcado por constantes tensões internas no seio do grupo British Leyland, que não sabe muito bem o que fazer de duas marcas concorrentes reunidas no mesmo grupo : a Triumph e a MG (Morris Garage). Será esta ultima a principal prejudicada.

Ao reorganizar as marcas do grupo é criada a Specialist Car Division, suposta ser a divisão de prestigio do grupo, a MG é excluída e vê-se relegada para a divisão das marcas generalistas, ao nível de marcas como a Austin.

Esta é uma decisão que anticipa o fim sombrio da marca MG, e a vontade dos dirigentes de substituir o MG B por um modelo de outra marca. O que acabará por acontecer com o lançamento do Triumph TR7.

O mítico MG B deixou de ser um modelo prioritário, pelo que a partir de agora as evoluções são mínimas e na maior parte das vezes vêm ainda agravar a sua situação. O que dizer por exemplo, da adopção de pára-choques em plástico que surgiram em 1974 para responder às normas norte-americanas, mas que acabam por desfigurar completamente o o automóvel.

MG B mk IV, a última geração

O fim aproxima-se… O MG B tem uma concepção antiquada que já não é adequada para aproveitar as sinergias com modelos mais recentes, o que aumenta o seu custo de produção. O MG B terá ainda uma derradeira edição especial inicialmente prevista de 500 unidades, mas a procura é tanta que esta acaba por exceder as 6 mil unidades.

Empurrado para uma reforma forçada pelos seus dirigentes, a carreira comercial do MG B chega ao fim em 1980 com um total de 512 mil unidades vendidas. Aquele que foi o roadster mais produzido da história até à chegada do Mazda MX-5 , continua a ser um automóvel incontornável no mundo da coleção.

Vive a tua paixão !

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