Reconhecida pelas suas berlinas estatutárias, a Mercedes decide nos inícios da década de 80 entrar no recente segmento das berlinas “premium” compactas. Aqui está uma tarefa delicada e perigosa para um construtor automóvel, entrar num novo segmento sem perder os valores da marca. Conhecido pela alcunha de “Baby Benz”, o Mercedes 190 estava destinado a representar o acesso à gama, cujo desenvolvimento exigiu enormes esforços por parte da marca alemã. Esforços compensados, pois o 190 revelar-se-ia uma peça fundamental na estratégia da marca alemã para fazer face à concorrência.
Apresentado em 1982, o Mercedes 190 (W201) marcou a história recente da marca da estrela, segundo a Mercedes este foi o primeiro capitulo da linhagem do Classe C.
A história do 190 (W201) teve inicio na década de 70 quando a marca começa a pensar no alargamento da sua gama. Sendo conhecida pelas suas grandes e luxuosas berlinas, a marca de Stuttgart decide apostar no segmento mais baixo.
O objetivo está bem definido, consiste em dar resposta às recentes crises energéticas com um modelo mais económico no que diz respeito ao consumo de combustível, mas sem renunciar ao conforto e segurança a que a Mercedes nos habituou.
A necessidade deste modelo torna-se mais premente, quando em 1976 a Mercedes começa a olhar com alguma preocupação para a aspirante a marca de luxo chamada BMW. Essa preocupação tinha um nome: Serie 3. Uma berlina que conservava as qualidades dos carros do segmento superior, mas de dimensões mais compactas. Um conceito que atraia cada vez mais clientes e que estava a ser um verdadeiro sucesso.
O que obrigou a Mercedes a acelerar a resposta à insolente rival BMW, o contra-ataque culmina em 1983 com a comercialização do Mercedes 190 (W201).
Este depressa adoptou a alcunha de “Baby Benz” e pese embora o seu aspeto conservador tratava-se de um modelo revolucionário para a época. Representava uma mudança de paradigma para a Mercedes ao inaugurar uma nova linguagem estilística, mas também ao adoptar opções técnicas inabituais no segmento, como a suspensão Multilink no eixo traseiro e Mc Pherson na dianteira. O que revelava um empenho em criar algo de inovador sem beliscar os valores da marca: Conforto, Fiabilidade, Tradição e Imagem.
Fiabilidade à prova de bala
Na parte mecânica, foram várias as motorizações que habitaram o capô do 190 durante os 11 anos em que esteve no mercado. Este estreou-se com dois motores a gasolina, um com 90 cv e 122 cv para o 190 E munido do sistema de injeção. Segue-se a versão Diesel que animou muitos dos taxis portugueses. Em 1986, surge a versão Turbo Diesel de 122 cv com um acréscimo dos níveis de prestações.
O 190 também brilhou em competição
Conhecido pela sua resistência e fiabilidade, o W201 também teve direito a versões mais desportivas, com destaque para o 190 E 2.3 – 16. Foi precisamente este modelo o escolhido para a realização de uma corrida que reuniu 20 dos mais talentosos pilotos na inauguração do renovado circuito de Nürburgring. O vencedor foi talvez o menos conhecido de todos, um tal de Ayrton Senna. Só podia!
Não podemos esquecer o Evo I e o 190 E 2.5 – 16 Evolution II, a versão mais extremista do “Baby Benz”. Este estava munido de um aspecto aerodinâmico inédito na conservadora marca e conseguia uns expressivos 235 cv de potência, tendo sido ao volante da sua variante destinada a competir no DTM (Campeonato Alemão de Turismo) que Klaus Ludwig se tornou campeão em 1992, enquanto o 190 permitiu à Mercedes de ganhar o titulo de construtores em 1991 e 1992 no mesmo campeonato.
Segurança e Qualidade
O Mercedes 190 sempre se destacou pelo seu coeficiente aerodinâmico reduzido, obtido graças às suas linhas modernas sob a direção do designer Bruno Sacco.
Desde cedo adoptou as mais modernas soluções de segurança ativa e passiva, tornando-se um dos mais seguros da sua classe.
No fundo a Mercedes quando projetou o 190 (W201) queria que ele fosse bom naquilo em que tinha de ser mesmo bom: fiabilidade, segurança e qualidade. Pelos vistos conseguiu-o, pelo menos é o que dizem as quase 2 milhões de unidades vendidas até 1993, ano em que passará a adoptar o nome de Classe C.
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