Mercedes SL : 70 anos de dinastia.

O ano de 1952 marca o regresso da Mercedes Benz às competições e o surgimento de um novo modelo que se tornaria um ícone da marca alemã. Vencendo no seu ano de estreia as mais prestigiadas corridas, este vai anos mais tarde declinar-se numa versão “civil” dando origem a uma longa e prestigiada linhagem. O Mercedes SL é para a Mercedes o que a sigla RS representa para a Porsche – uma referência. E são já 70 anos de dinastia, em que a chegada de cada nova geração do Mercedes SL é sinónimo de revolução em matéria de tecnologia, de luxo e desportividade.

Com o final de segunda guerra as fábricas da Daimler Benz estão devastadas tal como a maior parte do país. A hora é a da reconstrução do país e a Daimler Benz vai participar ativamente com a produção de veículos utilitários.

O inicio da década de 50 fica marcado pelo regresso da marca da estrela à produção de berlinas de prestígio com o lançamento do novo Mercedes 300 S. E será também por esta altura que os aliados autorizam o regresso da Mercedes à competição automóvel. A oportunidade ideal para regressar às vitórias.

Para voltar à competição e aos triunfos a mercedes vai inscrever-se na F1 em 1951, porém os automóveis utilizados datam do período anterior à guerra e estão desatualizados face à concorrência e os resultados são pouco animadores. A Mercedes decide então mudar de estratégia apostando desta vez nas corridas de Endurance.

A Mercedes tem os ingredientes mas falta a receita

Com o lançamento da nova berlina 300 S, a Mercedes dispõe de um motor com potencialidades para a competição, falta-lhe agora o resto – um chassis eficaz e uma carroçaria a condizer. Nada melhor do que dar uma vista de olhos à concorrência e o que de melhor se faz na categoria.

Nesse ano o carro que fazia sensação era o Jaguar XK 120 C (também conhecido por Type C), este dispunha de algumas inovações que os “espiões” alemães não puderam deixar de reparar. O Jaguar possuía um chassis tubular revestido por uma carroçaria em alumínio.

A receita estava finalmente encontrada, o chassis é uma estrutura compostas de tubos de diversos diâmetros que formavam uma treliça com um peso total de 70 quilos, este estava revestido por uma aerodinâmica carroçaria de alumínio e de magnésio. Quanto ao motor o escolhido é o novo 6 cilindros de litros do 300 S, que foi totalmente revisto para passar de uma potência de 115 cv para uns simpáticos 170 cv. O motor teve de ser colocado com uma inclinação de 50º para a esquerda para “casar” com a aerodinâmica carroçaria.

O primeiro protótipo está pronto. Com o código interno W 194 este possui um peso de apenas 1100 kg, o que lhe vale o nome de “Sport Leich” (SL) para desportivo ligeiro. Este será o inicio da mítica sigla SL que se mantém até hoje. Já lá vão 70 anos.

Com o nome oficial de 300 SL o novo automóvel da Mercedes tem um acesso particular. O chassis tubular não permite as tradicionais portas, não há outra solução senão utilizar pequenas portas que se articulam na vertical. Nascia assim uma das principais características deste 300 SL, as famosas “Gullwings”.

Nascido para vencer

Apresentado em 1952, o 300 SL começa a sua carreira desportiva nesse mesmo ano. Uma carreira curta mas vitoriosa, pois em dois anos venceu as mais prestigiadas corridas como a Mille Miglia, as 24 horas de Le Mans e ainda a Carrera Panamericana no Mexico.

Mediante tal palmarés, o 300 SL dá que falar e chama a atenção de Max Hoffman, este era o importador para os Estados Unidos de algumas das mais prestigiadas marcas europeias, entre as quais a Porsche, a Alfa Romeo, a Jaguar e claro a Mercedes.

Apesar da marca alemã não ter previsto dar seguimento à produção do 300 SL, Hoffman vê nele o modelo ideal para potenciar a vendas da Mercedes nas terras do Oncle Sam. O americano propõe aos alemães de produzir uma versão civil do 300 SL e de um pequeno descapotável mais acessível. Proposta que é recebida com um certo cepticismo, perante tal reação e convicto da sua proposta, Hoffman não hesita em deixar um cheque com uma encomenda de 1000 unidades.

Será no Salão de Nova Iorque de 1954 que o Mercedes 300 SL (W198) faz a sua primeira aparição pública acompanhado pelo 190 SL um descapotável mais acessível munido de motor 4 cilindros. O Mercedes 300 SL de série mantém a base da versão de competição, mas sofre algumas alterações ao nível da carroçaria que abandona o alumínio para dar lugar a painéis de aço à excepção do capô e das portas. Portas que continuam com o mesmo sistema de abertura mas são de maiores dimensões para facilitar o acesso a bordo. Quanto ao motor é o mesmo mas com um acréscimo de potência para 215 cv com a utilização do sistema de injeção ao invés de carburadores.

Em 1957 é lançada a versão roadster do 300 SL, esta vem substituir o coupé na gama. com uma frente ligeiramente modificada, tudo o resto se mantém. com um total de 1400 coupés e de 1858 cabriolets o Mercedes 300 SL será produzido até 1963.

Performance e elegância.

O Mercedes SL type W113 é apresentado em 1963 e tem como tarefa suceder ao 300 SL, mas não só, deve também substituir o 190 SL. Na realidade os engenheiros vão ter de encontrar o equilíbrio entre os dois modelos para propor um descapotável que tenha performance, mas de uma certa forma abordável.

Com a chegada do novo modelo é o fim das formas arredondadas dos seus antecessores para inaugurar um estilo mais anguloso, mas que sabe manter-se clássico e elegante. O novo SL propunha um hard top com um design característico, o que lhe valerá o apelido de “Pagode”. Quanto às motorizações este mantém-se fiel ao 6 cilindros em linha, começando com o 230 SL de 150 cv que vai evoluindo até ao 280 SL.

A Classe à americana.

A saga SL continua com o aparecimento de uma nova geração em 1971. O novo Mercedes SL Type R107 será o primeiro a receber um motor de 8 cilindros. Esta geração tal como a anterior é um descapotável que traz como acessório um elegante “Hard Top“, ao qual se juntou em 1973 a versão SLC (coupé). Sem contar com o Mercedes Classe G, o SL Type R 107 é o Mercedes com maior longevidade no catálogo do construtor germânico com uma carreira comercial de 18 anos de 1971 até 1989.

Invasão tecnológica

O ano de 1989 marca a chegada do novo Mercedes SL Type R 129. O termo SL (desportivo ligeiro) é completamente usurpado com esta geração, pois com o passar dos anos o descapotável SL é cada vez menos desportivo e por outro lado cada vez mais pesado. O SL Type R129 acusa já um peso de pelo menos 1700 quilos.

Esta nova geração aposta fortemente na tecnologia e propõe um vasto leque de motorizações que vão dos 6 cilindros até aos 12 cilindros. Este SL será também o primeiro a receber uma versão revista pela AMG com 525 cv. O Type R 129 foi um enorme sucesso com 204 980 unidades vendidas em 12 anos de produção.

Potência impressionante.

O ano de 2001 marca uma viragem na história do SL com a chegada do SL Type R 230. Este será o primeiro a estar equipado com teto “Vario” inaugurado pelo irmão mais pequeno SLK, o que transforma o SL num Coupé/Cabriolet.

O estilo evolui radicalmente com o SL type R 230, uma das principais novidades são os novos faróis dianteiros compostos de ópticas duplas. Apesar de totalmente novo o Type R 230 apresenta vários detalhes estéticos que visam homenagear as primeiras gerações. Os motores continuam a evoluir oferecendo cada mais potência e nobreza, numa gama que culmina com o Black Series de 670 cv.

Regresso às origens.

Por altura dos 60 anos do SL, a Mercedes desvenda em 2012 a nova geração R 231 no Salão de Detroit, o que não é de estranhar pois os Estados Unidos continuam a ser o seu principal mercado. Apesar do novo SL ser de maiores dimensões, este regressa aos fundamentais apostando numa redução de peso onde o alumínio e o magnésio são omnipresentes.

Mercedes SL R 231

A mais recente atualização do Mercedes SL chegou o ano passado. Desta vez coube à AMG o desenvolvimento da nova geração, esta é a primeira vez que a divisão desportiva da marca alemã concebe de raiz o mítico SL e o resultado não podia ser melhor.

O novo Mercedes SL é um dos bonitos descapotáveis da atualidade, regressou à utilização da capota em tecido, estreou a tracção às quatro rodas e as rodas traseira são direccionais. Como vem sendo hábito nas ultimas gerações este SL continua a ser o descapotável mais tecnológico do mercado.

Apesar do declínio do entusiasmo pelos coupés e descapotáveis em favor dos SUV`s, a Mercedes não desistiu e após 70 anos de carreira o Mercedes SL continua a representar um papel importante para o construtor alemão.

Vive a tua paixão!

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