Citroen BX : Herói ou mal-amado?

Ao longo da história da industria automóvel, vários foram os automóveis que precipitaram a queda das respectivas marcas, o Citroën SM foi um bom exemplo. Por outro lado, outros tiveram o papel inverso e salvaram o construtor da falência, como o BMW 1500 Neue Klasse. O nosso automóvel do dia entra talvez na 2ª categoria, fazendo perdurar o espirito Citroën. No entanto o Citroën BX para muitos tem uma imagem de mal-amado, pelo que hoje vamos tentar responder à questão : O BX é um herói ou um mal-amado ?

A génese do Citroën BX começa em finais dos anos 70, o objetivo consiste em preparar aquele que irá substituir o Citroën GSA recentemente lançado no mercado. Consciente de que o GSA é apenas uma evolução do Citroën GS e que terá uma carreira relativamente curta, a marca francesa inicia o programa XB. Isto num período que não é dos mais animadores para o recente grupo PSA, pois este entra numa profunda crise financeira com a compra da Chrysler Europa.

Depois dos lançamentos do Citroën LN e do Citroën Visa considerados pelos citroenistas demasiado próximos da Peugeot, a Citroën precisa de renovar a sua gama com um modelo que se identifique de novo como um verdadeiro Citroën, e se possível possa também ajudar o grupo francês a vencer a crise em que se encontra. O que acabará por acontecer, pois o Citroën BX em conjunto com o Peugeot 205 serão os modelos que irão salvar o grupo PSA da falência nesta década de 80 tão complicada.

Com um total de 2 315 739 de unidades produzidas ao longo dos 12 anos de carreira comercial pode dizer-se que o Citroën BX foi um dos modelos mais vendidos pela marca aos “chevrons”. Esta berlina apresenta um design inovador que rompe com o antecessor GS/GSA, para a concepção do modelo duas equipas foram solicitadas, o centro de estilo Citroën e o italiano Bertone. Será este ultimo que vê o seu projeto aceite, com a assinatura do estilista Marcello Gandini a quem devemos alguns dos modelos mais icónicos da industria automóvel, como: o Alfa Romeo Montreal, o De Tomaso Pantera, ou ainda, os Lamborghini Miura e Countach.

Nada se perde tudo se aproveita

De relembrar que na altura os construtores recorrem com frequência aos centros de estilo italianos que se desdobram em vários projetos, pelo que algumas vezes estes apresentavam aos seus clientes protótipos já prontos mas que não se tinham concretizado num produto final. Foi o que aconteceu com o BX, em que Bertone apresentou ao construtor francês um protótipo recusado pela Volvo. O Volvo Tundra tinha como objetivo renovar a gama media do construtor sueco, mas este não foi aceite por ser considerado demasiado futurista o que beneficiou a Citroën que viu aí a oportunidade para voltar em grande estilo.

Depois de algumas alterações o Tundra transforma-se no Citroën BX. Um design inovador, as soluções técnicas da casa, tais como, a suspensão hidráulica, um sistema de travagem eficaz e uma gama de motores moderna e variada, o que faz deste BX um digno representante do que é um verdadeiro Citroën, em suma um regresso às origens. Outra inovação, o BX é o primeiro automóvel generalista a utilizar uma carroçaria com composta de peças em material compósito o que traz enormes vantagens, pois com a redução de peso o BX beneficia de consumos contidos.

Para abranger um maior numero de clientes, o Citroën BX propõe uma vasta gama de versões e motorizações. O acesso à gama fazia-se com o 1.4 de 62 cv, se bem que nalguns países onde a fiscalidade era mais severa como Portugal, o modelo de acesso vinha equipado com o pequeno motor de 1124 cm3. No topo da gama encontrava-se o 1.6 de 90 cv de potência.

Estamos nos anos oitenta, e como não podia deixar de ser os desportivos acessíveis estão na moda, pelo que o BX não faltou à chamada. Começou com o tímido Citroën BX 19 GT de 105 cv, segui-se-lhe o exclusivo BX Sport, terminando com BX GTI e o GTI 16S que já contava com uns impressionantes 160 cv.

Mais uma vez, em Portugal tivemos apenas direito ao Citroën BX 16 GTI equipado com o motor de 1580 cm3, sendo-nos negada a versão de 1905 cm3. A particular fiscalidade em Portugal incidia sobre a cilindrada, o que obrigava os construtores a não propor no nosso mercado as versões equipadas com os motores mais potentes e de maior cilindrada.

Se “light is Right” era a divisa da Lotus, pode dizer-se que o Citroën BX era um dos seus principais discípulos, pois o peso contido era um dos seus atributos o que lhe proporcionava uma relação peso/potencia invejável, que associada à suspensão hidropneumática fazia do BX uma das berlinas mais eficazes do mercado, chegando mesmo a superar os concorrentes germânicos considerados os melhores altura.

Com uma carreira bem preenchida de 1982 a 1994, o Citroën BX teve direito a uma segunda geração que veio resolver alguns dos problemas de acabamentos interior de fraca qualidade, teve também direito a uma carrinha chamada Evasion, a uma versão de tração integral e ainda ao vilão BX 4TC. Apesar de na globalidade ter tido um bom resultado, passado alguns após o fim da sua produção o BX viu-se-lhe atribuída uma imagem de “persona non grata“. O que levanta a questão, será o Citroën BX um herói ou um mal-amado?

Da minha parte, penso que já sabem a minha resposta. A de um “citroenista” convicto, é um herói. E vocês?

Vive a tua paixão!

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