Quando falamos do Citroën Visa não pensamos necessariamente a um modelo desportivo. No entanto, olhando mais ao pormenor este citadino dos “chevrons” foi seguramente o automóvel do segmento que mais versões desportivas teve. Com o Visa, a Citroën faz uma autêntica revolução cultural ao integrar versões desportivas dignas desse nome na sua gama e ao propulsionar a marca na competição automóvel.
Apresentado em 1978, o Citroën Visa teve uma génese complicada. Tudo começou em 1972, com um projeto feito em parceria com a Fiat para o desenvolvimento de um citadino com base no Fiat 127. A aliança com os italianos foi rompida, pelo que a partir de 1974 começa um novo projeto 100% Citroën para substituir o velho Citroën AMI 8. Mas a marca aos “chevrons” encontra-se em dificuldades, está à beira da falência e o projeto é de novo abortado.

É finalmente com a integração da Citroën no grupo Peugeot que o projeto se concretiza, este aproveita a plataforma do Peugeot 104, o respectivo motor, assim como, o emblemático bicilindrico da Citroën e dá origem ao Citroën Visa.
Com o seu estilo peculiar e um tanto controverso, o Citroën Visa vai sentir muita dificuldade em assumir-se num mercado liderado pelo Renault 5. Pelo que, na tentativa de dinamizar as vendas, a Citroën decide então de dotar o Visa de uma versão mais desportiva, utilizando para isso o motor de origem Peugeot de 1219 cm3 com 64 cv. O Visa Super X marca o início das versões desportivas do modelo francês. Um começo tímido é certo, se o compararmos com o Renault 5 Alpine e outros modelos concorrentes, mas este é apenas o primeiro de muitos.

Com apenas três anos no mercado, os responsáveis da Citroën chegam a uma amarga conclusão – o Citroën Visa não se vende. É urgente reagir, pelo que com a ajuda da Heuliez, vão apresentar o Visa II com uma frente totalmente renovada.
É por esta altura que Guy Vernier, o então responsável pelo departamento Citroën Sport entra em cena. Com o objetivo de dar a conhecer a nova geração do Citroën Visa, este é encarregado de criar um troféu monomarca – o “Trophée Total Citroën Visa” para descobrir novos pilotos, e também de desenvolver um carro para competir no Grupo V de ralis.

Diferentes protótipos serão propostos e testados, incluindo um vindo da Lotus com motor central, mas a escolha acabou por recair num modelo bem mais convencional.
Visa Trophée
Por esta altura o Grupo V do campeonato mundial de ralis dá lugar ao emblemático Grupo B, e para participar os construtores devem produzir pelo menos 200 unidades do modelo pretendido.

Batizado de Visa Trophée este responde às exigências do novo troféu organizado pela Citroën, sendo a sua utilização praticamente reservada á competição apesar de possuir matricula e estar autorizado a circular em estrada. O Visa Trophée reconhece-se pelo seu “Look” agressivo e equipamento (ou melhor a falta de equipamento) com o interior desprovido de qualquer equipamento supérfluo; as portas e o capô são em poliéster; os vidros substituídos por acrílico. O objetivo é atingido, o peso total não ultrapassa os 695 kg. Mas não é tudo, o motor de 1219 cm3 desenvolve agora 100 cv e propulsa o Visa Trophée a 180 km/h.
Visa Chrono

Consciente das limitações comerciais do Visa Trophée e do fenómeno chamado GTI cada vez mais em voga, a Citroën decide então propor mais uma versão desportiva do seu citadino, mas mais civilizado. Assim em 1982, surge o Visa Chrono com um estilo quase idêntico ao Trophée de cor branca decorado com duas listas , uma de cor vermelha e outra azul. As jantes são pintadas de branco e desta vez o motor utilizado é o 1.4 com 93 cv. Sendo uma edição limitada o Visa Chrono é produzido nas oficinas da Heuliez e está limitada a 1000 unidades devidamente numeradas. O sucesso é imediato pelo que a Citroën acabará por propor mais uma serie totalizando então as 2160 unidades.

Visa GT
Com o intuito de substituir o Super X, é proposto o Visa GT. Este tem como objetivo oferecer um veículo bem equipado, para conquistar o apreciador de uma condução dinâmica, mas em família. Para isto recupera o motor do Chrono mas agora com 80 cv, o que lhe permite atingir a velocidade máxima de 170 km/h. Opta por um estilo mais discreto, próximo do Citroën CX GTI, um spoiler traseiro e pouco mais.

Visa GT Tonic
Um ano depois e face ao sucesso do Visa Chrono é apresentada um nova edição limitada. Esta chama-se GT Tonic e tem por base o Visa GT, recupera o mesmo motor mas opta pelo estilo mais agressivo do Visa Chrono. . Totalmente branco, à exceção duma discreta faixa vermelha que vai da base do pára-brisas até o pilar C, o Visa GT Tonic herda ainda o painel de instrumentos do Chrono, mas mantém os assentos clássicos.

Mais uma vez a adesão foi total e as 2000 unidades produzidas não tiveram dificuldades em encontrar dono. Em Portugal também tivemos uma versão especial do GT Tonic, com o nome de Visa GT Bicampeão. Limitada a 724 unidades celebrava a vitória no campeonato nacional de ralis.
Visa Mille Pistes
Com o aparecimento do Grupo B as coisas evoluíram muito rápido no espaço de um ano. A Audi impõe definitivamente o uso de tracção integral no campeonato de ralis, pelo que a Citroën desde logo percebeu que o Visa Trophée estava desatualizado. Decide preparar o BX 4TC para o Grupo B… mas não só! Em paralelo prepara também um Visa 4×4, este daria origem ao Visa Mille Pistes.

Mais uma vez optou-se pela cor branca e uma carroçaria adornada com um kit aerodinâmico. Acima de tudo, é reconhecido pelos 4 faróis dianteiros redondos e o logótipo da marca em dose dupla. O 1360 cm³ é alimentado por dois carburadores Weber e produz 112 cv e obtemos um carro muito eficiente. Para quem achar pouco foram ainda produzidas 20 unidades com 145 cv.
Visa GTI

Em março de 1984 foi apresentado o Visa GTI. Na verdade, aproveita-se tudo o que fez sucesso nas versões anteriores e condensa-se tudo num único carro. Quanto à motorização o Citroën Visa GTI recupera o 1,6 litros do 205 GTI e seus 105 cv. Um pouco mais lento que seu primo, o Citroën tem a vantagem de ter uma carroçaria de cinco portas que lhe permite de ser um pouco mais polivalente.

O Visa GTI teria ainda direito à versão 115 mas nunca ao 1.9 litros de 130 cv. Verdadeiro sucesso esta será a versão desportiva com maior longevidade. Esta será produzida até 1988, para passar então o testemunho ao Citroën AX.
As jantes não são do CX 25GTi Turbo, são exclusivas dos Visa. ;😉
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Obrigado pelo seu comentário Eduardo. Tem toda a razão as jantes são de facto exclusivas do Citroën Visa.
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