Renault 4: O campeão francês

Depois de observar o sucesso do 2cv da Citroën durante uma década, a Renault decide reagir com a sua interpretação do que é um automóvel popular e moderno. O Objetivo é claro, conquistar o maior público possível na cidade e no campo. O Renault 4 vai corresponder às expectativas, carinhosamente apelidado de 4L irá conquistar o coração dos franceses e tornar-se-á no campeão de vendas.

Após a segunda guerra mundial e a reconstrução da Europa vive-se um período de expansão económica, tendo como consequência a democratização do automóvel. Os governos europeus estão empenhados em motorizar o povo. Em França o estado é proprietário da Renault e propõe o 4cv, conhecido entre nós por “Joaninha”, seguido um ano mais tarde pelo 2cv da Citroën. Este último é um automóvel de concepção simples, prático e robusto e acabou por conquistar o público francês, em especial das zonas rurais. Tornando-se assim o rei do segmento.

Os protótipos percorreram mais milhão e meio de quilómetros nos terrenos mais inóspitos

Observando o sucesso do seu concorrente direto, o presidente da Renault, Pierre Dreyfus decide em 1956 lançar o projeto de veículo popular com o objetivo de substituir o Renault 4cv e acabar com o monopólio do Citroën 2cv. Para isso desafia a sua equipa com um caderno de encargos preciso: “O próximo será popular, acessível, funcional, mais bonito que o 2cv da Citroën e também mais potente”.

Com o nome de código interno de Projeto 112, os engenheiros têm como objetivo avaliar os principais defeitos do concorrente 2cv, para corrigi-los e propor um produto melhor. O novo modelo marca uma mudança na Renault, será o primeiro automóvel de passageiros a optar pela tracção dianteira, sendo o motor instalado também ele em posição frontal. Para tornar um acesso ao compartimento de carga mais fácil opta-se pela utilização de um chassis-plataforma e uma suspensão composta de barras de torção em posição horizontal.

No que diz respeito ao estilo, opta-se por um estilo mais consensual do que o seu rival, outra novidade será a adopção pela vez da quinta porta para uma maior funcionalidade, esta tornar-se-ia na imagem de marca da Renault, marcando presença frequente nos modelos da marca, como: o Renault 5, o Renault 16, entre outros.

No interior reinava a simplicidade, patente na posição da alavanca da caixa de velocidades a sair do tablier, mais uma pequena provocação ao rival.

Seguem-se dois anos de testes intensos, sob as mais difíceis condições, em que o novo modelo percorreu mais milhão e meio de quilómetros nos terrenos mais inóspitos.

Dois automóveis para fazer frente ao 2cv

No verão de 1961, o Renault 4 é apresentado à imprensa mas não vem só. Na realidade a gama é composta de dois modelos, o Renault 3 e o Renault 4. O primeiro será a entrada de gama, dotado de um motor de 603 cm3 de 22,5 cv e de um equipamento básico para confrontar o Citroën 2cv. O Renault 4 por sua vez terá direito a duas versões, uma equipada do motor de 747 cm3 de 26,5 cv com equipamento relativamente simples e o Renault 4L (limousine) dotado de elementos de conforto ausentes nas outras duas versões e que se distingue por possuir duas janelas laterais suplementares. Esta última será inesperadamente a preferida pelo público.

Renault 3 a versão de entrada de gama

Face ao sucesso do novo modelo, a Renault completa a gama no ano seguinte com uma versão comercial. Uma furgoneta com o tecto alto e 300 quilos de capacidade de carga. Assim como uma versão ainda mais luxuosa, o Renault 4 Super Confort, com bancos mais confortáveis, a presença de aplicações cromadas na carroçaria e nos faróis traseiros e a porta traseira composta de dupla abertura e do vidro descendente.

Também por esta altura o Renault 3 deixa de ser produzido, devido ao pouco interesse suscitado, pois em pouco mais de um ano, a produção mal ultrapassou as duas mil unidades. Com o objetivo de conquistar a clientela feminina a Renault faz uma parceria com a revista Elle intitulada “Elle au volant” disponibilizando vários modelos a serem ensaiados pelas leitoras. O que dará origem ao Renault 4 La Parisienne, uma nova versão com equipamento especial.

O Renault 4 revela-se um enorme sucesso, assumindo desde o ano de 1962 a liderança das vendas de automóveis em França até 1968, este domínio apenas foi interrompido em 1966 pelo Citroën Ami 6. Durante a sua longa carreira, o Renault 4 foi-se modernizando e evoluindo sem mudar realmente silhueta. Mesmo quando a pequena grelha frontal cromada das primeiras versões cresceu e passou a englobar os faróis em 1968, ou ainda quando se transformou em plástico negro a partir de 1975.

Atingindo a marca das 5 milhões de unidades produzidas em 1975, o Renault 4 adopta novos motores com o surgimento da versão GTL com 1108 cm3de 34 cv e um motor de 956 cm3 para as outras versões. Para manter o ritmo das vendas, os homens da marca francesa foram propondo várias edições limitadas ao longo da sua carreira. O Renault 4 inspirou várias empresas externas a propor derivados do modelo francês, sendo alguns deles incluídos na gama oficial. Foi o caso da versão 4×4 proposta pela Simpar que ainda apresentou o Renault 4 Plein air para confrontar o Citroën Méhari, ou ainda o Renault 4 découvrable proposto pela Heuliez.

Versão 4×4 proposta pela Simpar
Renault 4 Plein Air

Com 33 anos de carreira, o Renault 4 marcou presença em mais de 26 países , sendo fabricado em Itália pela Alfa Romeo sob licença, em Marrocos pela Somaca, na nossa vizinha Espanha pela Fasa-Renault, ou em países distantes como o Uruguai e a Argentina. Com um total de 8135424 unidades, o Renault 4 será o automóvel francês mais produzido de sempre , sendo destronado pelo Peugeot 206 na década de 2000.

As normas de anti-poluição ditaram o fim do Renault 4 no mercado francês em 1992. O último a sair das linhas de produção, foi um da série especial bye-bye produzido na fábrica eslovena dois anos mais tarde.

Vive a Tua Paixão!

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