Hoje no Mundo Sobre Rodas prestamos homenagem aos automóveis que nos fizeram sonhar e ainda hoje ainda continuam a fazê-lo. Salvaram centenas de vidas, simplificaram o quotidiano de milhares de pessoas e, chegaram mesmo a mudar o curso da nossa história. Estamos a falar é claro dos Todo-o-Terreno. Mas atenção não vamos falar dos SUV de hoje, nada disso, vamos falar dos todo-o-terreno “à séria”. E seleccionei quatro dos últimos aventureiros, são eles: o Jeep Wrangler, o Mercedes Classe G, o Land Rover Defender e o pequeno Suzuki Jimny.
Mas para já, nada melhor que começar pelo primeiro todo o terreno utilizado pelo Homem. Trata-se do cavalo, pois tem tração às quatro rodas… ou melhor às quatro patas, é fiável, económico, é capaz de transportar duas pessoas ou rebocar quase o dobro do seu peso. E isto em qualquer tipo de terreno, há mais de 5 mil anos que o homem o utiliza, por sua vez o automóvel tem cerca de 134 anos e durante muito tempo foi incapaz de chegar onde o cavalo chegava.

Jeep Wrangler
Foi preciso esperar pela Segunda Guerra Mundial para se dar a revolução, com a chegada do Jeep Willys. Símbolo da libertação o Jeep Willys assume um papel histórico no conflito, o General Eisenhower considerou-o na época como uma das principais ferramentas para a vitória dos aliados.
O caderno de encargos era quase surrealista: deveria ser um automóvel prático; de tração às quatro rodas; ser capaz de transportar quatro soldados e 250 quilos de material; ter um peso máximo de 600 kg. Mais de 640 mil Jeep foram construídos durante o conflito.

Para além da sua participação na guerra, o Jeep Willys foi também um vector de desenvolvimento económico no período do pós guerra, pois como não existiam quaisquer veículos em condições de circular, o Willys foi pau para toda a obra. Serviu como meio de transporte, como trator agrícola, ou ainda como locomotiva, pois a largura entre as rodas era exatamente a mesma dos carris de caminho de ferro.

Passados 80 anos a história continua, o Jeep continua presente nas nossas estradas, adoptou uma vida civil e um novo nome, passando agora a chamar-se Wrangler. Mas continua o mesmo, possui as mesmas características, apesar de ter crescido e de se ter modernizado como aconteceu com todos os automóveis. Uma coisa é certa, O Jeep do século XXI continua com a mesma eficácia, pois contrariamente aos novos todo-o-terreno, o Jeep Wrangler conservou os seus atributos em fora de estrada. Mas antes de prosseguir uma questão impõe-se. Afinal o que é um todo-o-terreno?
Um todo-o-terreno é um veiculo com quatro rodas motrizes, quer isto dizer que são as quatro rodas que ao receberem a potencia do motor vão procurar a aderência e assim ultrapassar os obstáculos. Para isso necessita de pneus adaptados para obter a melhor aderência possível e necessita de uma distância ao solo elevada para passar os vaus, proteger a parte inferior do automóvel, assim como o motor quando enfrenta os obstáculos mais complicados, tais como rochas ou troncos de árvores.

Outra característica essencial de um todo terreno, é que este deve possuir ângulos de ataque e de saída o mais abertos possível, quer isto dizer, que a distancia entre as rodas e a extremidade do veiculo deve ser a menor possível. O que permitirá ao automóvel abordar com eficácia as inclinações mais íngremes.

Todo o jipe que se preze deve possuir um bloqueio de diferencial. Um automóvel em geral possui um diferencial que permite às rodas do mesmo eixo percorrerem velocidades diferenciadas numa curva. Num todo-o-terreno por sua vez vamos bloquear o diferencial em certas situações, como por exemplo um cruzamento de eixos, pois nesta situação o diferencial irá enviar toda a potencia à roda que está no ar, o que não nos vai ajudar. Ao bloquear o diferencial vamos enviar a potencia à roda que está apoiada ao solo e assim obter a aderência necessária para sair da situação.

E por ultimo, os jipes possuem um segundo manipulo junto do da caixa de velocidades, onde podemos selecionar o tipo de tração desejada, com velocidades altas ou curtas com redutoras, que permitem enfrentar devagar todos os obstáculos que encontramos.

O Jeep Wrangler não perdeu os seus atributos fora de estrada, mas evoluiu. Mais confortável, mais tecnológico com um ecrã de 7″ e respectivo sistema de infoentretenimento, com um interior acolhedor, o Wrangler do Séc. XXI transformou-se até num veiculo familiar com a sua versão de 5 portas. Estamos longe do Jeep da segunda guerra.
Mercedes G 63 AMG
Pois temos de confessar que os jipes puro e duros tornaram-se cada vez mais raros com a moda dos SUV atuais. Há de todos os géneros, em que é só escolher desde citadinos, desportivos, descapotáveis e até um Papamovil.

Mas existe um verdadeiro todo-o-terreno que conseguiu estabelecer um conceito improvável. Senhoras e senhores eis um dos automóveis mais aberrantes, logo um dos mais cativantes do mundo Automóvel, é ele o Mercedes G 63 AMG.
Também ele teve origens militares, o Classe G foi utilizado e nalguns casos ainda está em serviço pelo exercito de 63 países. Desenvolvido em conjunto com a Steyr-Puch, o especialista austríaco da transmissão integral, para satisfazer uma encomenda do exercito do Shah do Irão, o G (Gelaändewagen) teve direito à versão civil em 1979 com o sucesso que todos sabemos.

Como todos os seus concorrentes o Classe G foi evoluindo ao longo dos tempos, mas há uma coisa que a Mercedes fez e que os outros não tiveram ousadia de o fazer. Transformar o seu 4×4 num super desportivo, não numa limusine… enfim um pouco dos dois. É em 1999 que a Mercedes envia um Classe G à sua divisão desportiva AMG, a ideia inicial era fazer dele como um Range Rover, imaginem a cara dos engenheiros da AMG quando o viram chegar. Os engenheiros simplesmente …passaram-se literalmente.

Hoje em dia, utiliza o motor V8 Biturbo, que é o que equipa também o AMG GT R, tem 585 cv e permite a este todo-o-terreno passar dos 0 aos 100 km/h em 4,5 segundos. Imaginem que consegue ser meio segundo mais rápido que um Porsche 718 Cayman.
Land Rover Defender
É claro que seu papel não é percorrer os circuitos, pois é um automóvel muito pesado e demasiado alto. Mas ao lançar o G 63 AMG a Mercedes conseguiu dar uma segunda vida ao seu todo-o-terreno. Mas quererá com isto dizer que os verdadeiros jipes estarão condenados a uma utilização para o qual foram imaginados no inicio, ou por outro lado limitar-se a assumir a filosofia dos SUV atuais. Pois bem existe um 4×4 que conseguiu unir o melhor dos dois mundos, é o excelente Land Rover Defender.

Se os seus concorrentes foram concebidos inicialmente como veículos militares, o Defender por seu lado, foi concebido para fomentar a paz. Apresentado no Salão Automóvel de Bruxelas em 1948 como Land Rover Séries, este tinha por principal objetivo auxiliar os agricultores nas suas tarefas e rapidamente foi adaptado às mais diversas áreas.

Durante muito tempo também ele deixou o conforto para segundo plano, mas tal como Jeep ou o Mercedes que fizeram sua revolução. O Defender foi o ultimo a transformar-se num veiculo confortável, mantendo o seu espirito aventureiro. Dos três, o Defender foi talvez o que melhor conseguiu esta união sendo o mais equilibrado.

Suzuki Jimny
Isto é tudo muito bom, mas existe um problema. É o preço, pois para adquirir qualquer uma destas maquinas precisamos de uma conta bancária bem guarnecida. Assim sendo, terão os verdadeiros jipes se transformado em veículos inacessíveis? Felizmente não, pois existem alguns irredutíveis que continuam a resistir, ao oferecer um verdadeiro 4×4 a um preço bem mais acessível, como o Suzuki Jimny.

O Suzuki Jimny, nasceu em 1970 e chamava-se LJ 10 (LJ – Light Jeep). Este minúsculo jipe foi desenvolvido para se incorporar na categoria dos Kei Car e beneficiar de vantagens fiscais no Japão. O que lhe permitiu um enorme sucesso no mercado domestico, chegando mesmo a ser exportado para os EUA.
E desde então a receita continua. Um estilo simpático e capacidades fora de estrada incríveis, pois dadas as suas pequenas dimensões o Jimny consegue passar praticamente em todo o lado. Com tal relação preço/sensações, o sucesso foi imediato, surpreendendo todos, principalmente a Suzuki. Obrigando os compradores a esperar quase um ano para receber seu Jimny, o que é pior que na Ferrari. Chegando ao ponto de haver Jimny usados a atingirem preços superiores ao de veículos novos.

Apesar deste incrível sucesso, o Jimny viu-se obrigado a abandonar o mercado europeu, Pois estes todo-o-terreno são os primeiros a sofrer as consequências das normas de emissões, que se traduzem num importante aumento dos impostos. Assim sendo, o Suzuki Jimny na sua versão 2021, vai perder os dois lugares traseiros para assim se transformar num veículo comercial, sujeito a taxas mais favoráveis.

É com tristeza que vejo desaparecer aos poucos esta categoria de veículos, cujo o futuro cada vez mais incerto irá necessariamente passar pela hibridação ou pela eletrificação. Como vimos não há muito tempo com o renascer do Hummer por parte da GMC que será 100% elétrico.
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