Em pouco mais de 20 anos a SEAT tornou-se no maior construtor nacional. Beneficiando da política proteccionista do então governo espanhol dirigido pelo General Franco, a SEAT atingiu no início dos anos 70 os 50% de cota de mercado. É precisamente a morte do General Franco em 1975, assim como, o final do contrato com os italianos da Fiat que daria início a uma nova etapa na história da SEAT.
Com a morte de Franco, os finais dos anos 70 revelam-se complicados, a sociedade espanhola está em plena mutação. A SEAT entra num período conturbado, o novo estado democrático precisa de dinheiro e pretende reduzir a sua participação na empresa.

Para isso o INI (Instituto Nacional da Indústria) vai contactar o seu parceiro italiano e propor-lhe que este adquira a totalidade do capital da SEAT. Se bem que este fosse o desejo da Fiat desde há algum tempo, não o vai fazer a qualquer preço. Depois de feita uma auditoria, constata-se que a SEAT está muito endividada, é mal gerida e existe um excesso de efectivos. O que obrigou a Fiat a exigir contrapartidas.

Se num primeiro tempo um acordo é assinado pelas partes, também para os lados de Itália as coisas não correm pelo melhor. A Fiat debate-se com vários problemas internos, pelo que pretende renegociar um novo acordo, o que é recusado prontamente pelo governo espanhol. A reação dos italianos não se fez esperar, e estes vendem a totalidade da sua participação por uma peseta.

O divórcio entre as partes é anunciado. Apesar disso a SEAT está autorizada a continuar a produção dos modelos de origem Fiat, desde que estes possuam pelo menos 25% de peças específicas para evitar a confusão com os modelos italianos. É a partir desta altura que os modelos da marca espanhola vão sofrer algumas modificações estéticas assim como começam a adoptar o nome de cidades espanholas. É o caso do SEAT Ritmo que passará a chamar-se SEAT Ronda, e que vai ser o protagonista de um longo processo de plágio em tribunal.
O INI torna-se então no único proprietário da SEAT, mas gerir um construtor automóvel revela-se uma tarefa mais difícil que previsto, pelo que necessita de encontrar um novo parceiro. Desta vez é a Volkswagen-Audi a eleita para entrar no capital da SEAT assegurando o apoio financeiro e tecnológico necessário ao bom desempenho da marca espanhola.

Neste período de transição a SEAT apresenta um veículo totalmente inédito. O SEAT Ibiza é um dos modelos mais importantes da história da marca espanhola. Fruto de um design italiano, duma motorização revista pela Porsche e da criatividade espanhola este modelo marcou o renascimento da SEAT. O Ibiza será de imediato um sucesso de vendas, nomeadamente no estrangeiro. Como em Portugal em que o SEAT Ibiza abriu o caminho para o que é hoje a marca espanhola no mercado nacional.

Apesar do bom desempenho comercial do Ibiza, a SEAT ainda não conseguiu ultrapassar os seus problemas financeiros, pelo que se vê integrada no grupo Volkswagen que adquire a totalidade do capital. A SEAT perde a sua autonomia, mas ganha em solidez financeira e claro está tem acesso a toda a tecnologia Volkswagen. O que lhe permite o desenvolvimento de novos modelos como por exemplo o SEAT Leon, outra peça chave para a marca espanhola.

Ao longo dos anos a Volkswagen esforçou-se em reforçar a imagem latina e desportiva da SEAT, para que esta ocupe o papel de marca jovem no seio do grupo.
Hoje em dia, a SEAT assume-se cada vez mais como um dos maiores construtores na Europa, tendo visto a sua cota de mercado aumentar exponencialmente. E Portugal não é exceção, desde há vários anos implantada no nosso mercado a SEAT continua a bater recordes ocupando o sétimo lugar em 2019.

Mais do que a produção de automóveis, a SEAT tem investido na procura de novas soluções de mobilidade respeitadoras do ambiente, com a investigação e desenvolvimento de novos produtos como a sua primeira kickscooter elétrica e o seu quadriciclo Minimo vocacionado para as empresas de car-sharing.
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