A SEAT faz 70 anos. Criada sob a impulsão do governo do General Franco com o objetivo de motorizar a população espanhola, a Sociedad Española de Automoviles de Turismo (SEAT) assume-se hoje como um dos principais construtores da Europa. A SEAT é uma história que começou marcada pelo sotaque italiano, para culminar hoje com o rigor alemão, mas sem nunca perder o seu lado latino. A SEAT são 70 anos de Auto Emoción.

Em meados dos anos 40, a Espanha sai de um longo período de guerra. Primeiro a guerra civil sucedendo-se em seguida a segunda guerra mundial, na qual a Espanha tentou ficar neutra mas que não deixou de ter os seus efeitos negativos. Pois bem agora reunificada e com o regresso da paz a Espanha debate-se com problemas sociais graves. O país precisa de se desenvolver economicamente.
No início dos anos 50, a Espanha ainda é um país rural que precisa de ser motorizado. Consciente da importância da indústria automóvel para uma maior autonomia, o governo franquista vai impor um programa de industrialização do país com vista à criação de um construtor automóvel nacional.

Quem vai encarregar-se da criação desta nova empresa, é INI (Instituto Nacional da Indústria). Para isso, precisa de encontrar um parceiro que possa fornecer as competências técnicas necessárias ao desenvolvimento da empresa.

Depois de contactos com vários construtores, é a Fiat que aceita fazer parte do projeto SEAT (Sociedad Española de Automóviles de Turismo). A Fiat era vista como o parceiro ideal, pois a sua gama de pequenos veículos era perfeitamente adaptada às necessidades espanholas de motorização da população. Por seu lado a empresa italiana vê na SEAT a oportunidade de entrar no mercado espanhol.

Terminadas as negociações é assinado um acordo válido por 30 anos, em que a Fiat será detentora de 7% do capital, o INI 51% e o restante do capital será repartido por vários bancos espanhóis. Agora é necessário construir as futuras instalações. A primeira fábrica será construída na Zona Franca de Barcelona, pela sua proximidade com a Itália e por ser a zona embrionária da recente indústria automóvel espanhola. Nesta zona já estavam presentes a Ford Motor Ibérica, a Hispano-Suiza e GM Peninsular.

Tudo está pronto para a produção do primeiro carro da marca espanhola. Conforme o acordo assinado será um modelo Fiat construído sob licença, o modelo escolhido foi o Fiat 1400 que daria origem ao SEAT 1400. Apresentado em 1953, tratava-se de um sedan de 4 portas com um motor de 44 cv, para um preço de 117000 pesetas, o que na altura era demasiado caro para a maioria da população. Pelo que as vendas resumem-se a fornecer as companhias de táxi, a administração pública, ou ainda, algumas versões especiais como ambulâncias e carros funerários.

Em 1957 surge o SEAT 600, pode dizer-se que este foi o carro do povo espanhol, foi o primeiro automóvel para muitas famílias. Mais uma vez baseado no Fiat 600 apresentado na mesma altura em Itália. O SEAT 600 será durante 18 anos o automóvel sensação do mercado espanhol, batendo a concorrência representada pelo Renault 4 cv produzido pela Fasa e o Mini produzido pela Authi.

Os anos 60 trazem estabilidade à economia espanhola, pelo que a SEAT continua a completar a sua gama. Seguem-se o SEAT 1500 e o SEAT 850, sempre derivados dos modelos epónimos da Fiat.

O ano de 1964 marca um novo capítulo para a SEAT, esta apresenta o primeiro veículo concebido por si. O SEAT 800 será a primeira tentativa de inovação, criando um automóvel exclusivo para o mercado espanhol. Trata-se de um SEAT 600 ao qual foram acrescentadas duas portas, tornando-se assim um modelo mais familiar. Mais comprido de 18 cm, o 800 adopta o motor mais potente do SEAT 600. Aos poucos a SEAT começa a ter uma certa autonomia.

É também a partir de esta altura que a SEAT vai começar as exportações, às quais a Fiat opor-se-á imediatamente. O contrato assinado com a marca italiana estipulava que a SEAT não poderia entrar em concorrência directa com a Fiat, o que limitava assim as exportações. Ainda assim, os espanhóis ainda conseguem contornar a situação exportando para a Columbia em troca de café e também para a Finlândia.

Outro dos modelos importantes na história da SEAT foi o 124, tal como o Fiat 124 do qual deriva foi dos modelos mais vendidos pela marca. Este teve ainda direito à sua versão espanhola – o SEAT 1430, que apresentava um caráter mais desportivo e estava dotado de acabamentos mais cuidados. Foi ainda com o SEAT 1430 que a marca espanhola se iniciou em competição, obtendo um certo sucesso nas provas nacionais.

Ao entrar na década de 70, a SEAT torna-se o primeiro construtor espanhol e atinge o lugar de oitavo construtor europeu. Em apenas 20 anos, a SEAT é a maior empresa industrial espanhola com uma cota de mercado de 50% do parque automóvel nacional. Inicia-se uma vez mais um período de renovação da gama, surge o familiar SEAT 132, o inovador SEAT 127 o primeiro a adoptar a tracção dianteira. São ainda, lançados dois modelos de concepção espanhola: o SEAT 133 para substituir o velhinho 600, e pela primeira vez um desportivo o 1200 – 1430 Sport com base num estudo realizado pela alemã NSU.

Em 1975, a morte do General Franco veio baralhar as coisas. Com a chegada da democracia acaba o protecionismo da economia deixando a SEAT mais exposta à concorrência. É o início de um momento de mudança para o gigante espanhol.
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