As pesadas taxas aduaneiras limitaram muito as importações de automóveis no Brasil, o que levou vários construtores estrangeiros a estabelecer-se no país. Isto permitiu a criação de uma verdadeira indústria automóvel no Brasil, com a presença de construtores como a Volkswagen, a Ford, a General Motors, ou ainda, a Willis Overland. O que vai permitir a eclosão de várias pepitas automóveis. É o caso do Volkswagen Brasilia que tinha como objetivo substituir o popular Fusca.

Estamos em 1970, tal como a casa-mãe, também a filial brasileira da Volkswagen começa a procurar a sucessão do Fusca (conhecido em Portugal como Carocha). Enquanto na Alemanha a Volkswagen vai pedir à Porsche para desenvolver o novo projeto, que vai culminar com a apresentação do EA 266, que acabou por não ser aceite. No Brasil, o dinâmico presidente da filial brasileira, Rudolf Leiding, decide desenvolver um veículo internamente, para isso fixou um caderno de encargos bem preciso: este modelo deverá ser adaptado ao mercado brasileiro, mais espaçoso, mais prático e mais moderno que o Fusca.

Os bons resultados obtidos pelo seu dirigente que aumentou as vendas em 50%, permitem à Volkswagen do Brasil gozar de uma grande independência para desenvolver a sua própria gama. Serão precisos de 3 anos e 40 protótipos para se chegar ao resultado final.

O nome escolhido para o novo modelo será o nome da capital brasileira – Brasilia. O que comprova a forte ligação da Volkswagen com os brasileiros.
Em 1973 é então apresentado oficialmente o Volkswagen Brasilia, que recupera vários elementos já existentes de forma a limitar os custos. O chassis é o do Karmann Ghia e o motor por sua vez, será o 1600 boxer do Volkswagen 1600 Variant. Quanto ao estilo o Volkswagen Brasilia é um cruzamento entre um Volkswagen 412 e o Volkswagen SP2, outro modelo desenvolvido pela filial brasileira.

Proposto em duas versões de 3 ou 5 portas, o Brasilia vem inicialmente equipado do motor 1.6 de 60 cv, passará mais tarde a 65 cv ao receber um segundo carburador. Em 1980 vê a chegada do motor 1.3 de 49 cv que funciona a álcool.

Para aumentar as vendas a Volkswagen recorre a uma astúcia, classificando a versão 3 portas do Brasilia como pequeno utilitário para obter benefícios fiscais. O que vai acabar por prejudicar as vendas da versão 5 portas, que acabarão por serem confidenciais no Brasil. Será aliás esta versão que será fabricada em kit na Nigéria a partir de 1976, com o nome de Volkswagen Igala.

O Brasilia acabaria por encontrar um certo sucesso, vendendo mais de um milhão de unidades entre 1973 e 1982. A Volkswagen venderá 931204 unidades do Brasilia no Brasil, 72377 unidades que serão produzidas no México e exportará 133212 unidades, essencialmente na América Latina, nas Filipinas e também em Portugal.

O Volkswagen Brasilia permitiu o desenvolvimento da marca no Brasil, sem conseguir no entanto atingir o seu objetivo de acabar com o Fusca. Será preciso esperar algum tempo pela chegada do Volkswagen Gol para se encontrar o verdadeiro sucessor 100% brasileiro.
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