O Citroën SM para um colecionador avisado é o “Santo Graal” da marca aos chevrons, pois representa o luxo à francesa aliado à exclusividade italiana. O SM entusiasmou toda uma geração, assim como carroçadores independentes que o utilizaram como base para as suas criações. Foi o caso de Henri Chapron com o SM Mylord e o SM Opéra, assim como a Heuliez com o SM Espace de que vamos falar hoje.
A Heuliez é uma empresa dedicada à indústria automóvel, dedicando-se principalmente à prestação de serviços aos grandes construtores. Destacando-se o seu gabinete de estudos para a realização de projetos e protótipos, e uma fábrica dedicada à produção de modelos de nicho em pequena série.
A Heuliez conta já com a Citroën entre os seus clientes, com a qual colabora regularmente. É ela que que está encarregue da produção do Citroën M35 a motor rotativo. Com o lançamento do novo SM, a nova coqueluche da marca aos chevrons, é com toda a naturalidade que a Heuliez decide apresentar uma nova versão para conquistar o seu cliente. Para isso vai apostar na inovação propondo o Citroën SM com um hard top original. Este sistema permite aproveitar a condução ao ar livre, mas sem as desvantagens de um cabriolet.
O SM Espace vem equipado de um “T-roof” como aquele utilizado no Corvette, mas utiliza um sistema de persianas comandadas electricamente que se recolhem na parte central do tecto. Estes comandos permitem ativar as persianas separadamente e têm como particularidade estarem posicionados no tecto como os comandos de um avião.
Este engenhoso sistema iria permitir à Heuliez de comprovar as suas capacidades tecnológicas, que estarão mais tarde presentes no Peugeot 206 CC ou no Opel Tigra Twinport.

Apresentado em 1971 no Salão de Paris, o SM espace dá nas vistas pela sua cor violeta e o seu interior futurista beige de pele e camurça. No entanto apesar das várias soluções técnicas inovadoras o seu estilo extravagante acaba por não agradar ao público.

Consciente que tinha arriscado demasiado com o seu estilo ficção científica, a Heuliez decide no ano seguinte apresentar um segundo exemplar. O local escolhido foi o salão de Bruxelas, desta vez o SM Espace aparece muito mais sóbrio de cor azul metalizado e o interior retoma o original apresentado pela Citroën revestido de pele castanha. Agora sim, o público está conquistado.
Convencida que a Citroën iria aceitar a sua proposta, as expectativas da Heuliez eram enormes. Mas isto era sem contar com as dificuldades com que se debatia a marca francesa, mais uma vez também o SM espace foi vítima da maldição do Citroën SM, e nunca chegou a ser produzido.
Ao todo foram apenas construídos os dois protótipos presentes nos salões de 1971 e 1972. O primeiro foi vendido a um particular, tendo aparecido este ano no Rétromobile. Quanto ao segundo, este foi utilizado vários anos como veículo de serviço do patrão da Heuliez e guardado nas reservas da empresa. Foi vendido mais tarde num leilão da Artcurial em 2012.
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