Se o Toyota 2000 GT é um carro raro, em que foram produzidos só 351 exemplares, o que dizer então do Toyota 2000 GT Cabriolet em que foram construídos apenas dois. Um modelo exclusivo para o filme “Só se vive duas vezes” da saga James Bond. Numa altura em que o último 007 “ No Time to die” viu a sua estreia adiada por causa do Coronavirus para o dia 11 de novembro 2020, vamos conhecer a atribulada história deste cabriolet vindo do país do sol nascente.
Entre os carros que nos fazem sonhar destacamos frequentemente as marcas de prestígio, nomeadamente as italianas. Mas alguns construtores generalistas conseguiram por vezes surpreender, a Toyota conseguiu-o com o 2000 GT.
Quando em 1965, no Salão de Tokyo o público descobriu o Toyota 2000 GT, ficou impressionado com a ousadia do projeto concebido em conjunto com a Yamaha, que ficaria encarregue da sua produção.
Foi por esta altura que Albert R. Broccoli, o conhecido produtor da saga 007 descobre o Toyota 2000 GT nas revistas da especialidade. O modelo agrada-lhe e calha bem pois a próxima aventura do famoso agente secreto tem precisamente como cenário o Japão.
Albert R. Broccoli (conhecido por “Cubby”) decide então que este seria o automóvel ideal para a parceira de James nesta aventura, a charmosa agente secreta japonesa Aki.
A equipa de produção contacta então a Toyota e propõe-lhe um acordo: assegurar a promoção do Toyota 2000 GT com o filme e em troca a Toyota fornece os automóveis necessários à realização do mesmo.
A Toyota aceita de imediato a proposta, consciente da visibilidade mediática que o filme vai proporcionar ao modelo e sobretudo à marca.
A Toyota vai então enviar à produção dois exemplares para as filmagens em Inglaterra. Mas surgiu um imprevisto com o qual não contavam. Ao verem os automóveis, os produtores depressa constataram que seria impossível utilizá-los para o filme. Pois Sean Connery do alto dos seus 1.88 mt acaba por ser muito alto para o pequeno e baixo desportivo japonês, sem contar com as cenas filmadas do interior do carro impossíveis de realizar. Mas “Cubby” não desiste, ele quer o Toyota 2000 GT no filme, há que encontrar uma solução.
A produção vai contactar de novo a Toyota e dá-lhe conta do grave problema que têm para resolver. A Toyota que vê no filme a oportunidade ideal para a sua promoção, não perde tempo e encarrega os seus engenheiros e designers de encontrar uma solução. Estes consideram como primeira opção o tecto tipo targa, mas depressa chegaram à conclusão que será necessário cortar o tecto do 2000 GT.
Não estando prevista uma versão cabriolet do Toyota 2000 GT, Jiro Kawano que era responsável pelo projeto considera que se é só para o filme, tal não é um problema e será rápido a resolver. Pouco importa que este não tenha capota e que o pára-brisas seja em acrílico.
Em duas semanas os cabriolets estão prontos e as filmagens podem começar. Um deles receberá equipamento específico para um agente secreto, fornecido pela Sony, como por exemplo um dos primeiros leitores de vídeo portáteis do mundo.
Depois das filmagens os dois automóveis tiveram destinos bem diferentes. Um deles seguiu para Inglaterra e percorreu o mundo para promover o filme, desapareceu durante 10 anos e em 1977 a Toyota recupera-o para o integrar no seu museu. O segundo desaparece logo após as filmagens e só volta a dar sinais de vida em 2016, pertencendo agora a um colecionador japonês.
Visto ser praticamente impossível convencer os proprietários a vender as suas relíquias, resta-nos a opção de uma miniatura 1/18 proposta pela Corgi e por sinal muito mais barata.
One thought on “Toyota 2000 GT Cabriolet – Ao Serviço de Sua Majestade”