Mini: Concentrado de inteligência

Em 1959 nascia o Austin Mini que se tornaria num ícone automóvel. Em conjunto com a mini-saia de Mary Quant, o Mini é a representação perfeita dos anos 60. Automóvel popular destinado ao maior número, com o seu concentrado de inteligência vai atingir uma carreira invejável de quarenta anos. Ao ponto que a BMW transformou o Mini numa marca para perdurar o mito.

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Após o fim da Segunda Guerra Mundial, a necessidade de reconstrução da Europa impõe restrições à indústria automóvel. Vai-se apostar na democratização do automóvel, privilegiando-se os veículos populares. A França teve o Citroën 2cv, a Itália o Fiat 500, a Alemanha o Volkswagen Carocha e a Inglaterra o Morris Minor.

A crise do Canal do Suez, veio agravar as coisas levando à penúria dos combustíveis o que provoca a proliferação dos micro-carros, tais como o Goggomobil T ou ainda o BMW Isetta. Nessa altura, surge ainda uma legislação na Grã-Bretanha que beneficia o aparecimento de estranhos veículos de 3 rodas, dando-lhes vantajosos benefícios fiscais.

Um Conceito Inovador

Leonard Lord o patrão da British Motor Company vai então desafiar o seu diretor técnico Sir Alec Issigonis a criar um pequeno, mas verdadeiro automóvel capaz de transportar 4 pessoas para banir estes “horríveis veículos de 3 rodas”.
Não havia tempo a perder, teriam de ser rápidos. Foi imposto um prazo de 2 anos a Issigonis e a sua equipa para desenvolver o carro. Assim começa o projeto ADO15 (Austin Drawing Office number 15).

Ao cabo de 8 meses surge o primeiro protótipo, com apenas 3,05 mt Alec Issigonis recorreu a engenhosas inovações para ganhar espaço. O motor por exemplo adoptava uma posição transversal, a caixa de velocidades estava instalada no cárter por baixo do motor e o Mini adoptava ainda a tracção dianteira. A sua ligação ao solo era garantida por rodas de 10” dispostas nas extremidades da carroçaria, uma dimensão inédita para um automóvel de 4 lugares, a suspensão utilizava um inovador sistema de cones de borracha que dispensavam o uso de molas. O resultado final era impressionante, apesar das suas reduzidas dimensões, no Mini 80% do espaço é destinado aos passageiros e bagagens.

Em Agosto de 1959 era apresentado oficialmente o modelo definitivo sob 2 marcas: o Austin Seven e o Morris Mini Minor. Estes nomes não foram escolhidos por acaso, pois fazem referência a modelos emblemáticos das duas marcas. Apesar disso será simplesmente o nome Mini que ficaria para sempre associado a este automóvel.

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Inicialmente proposto apenas na versão de 3 portas, rapidamente  a BMC (British Motor Company) vai propor novas versões do mini para satisfazer uma maior clientela: o Mini Van para os comerciantes, o Mini Contryman/Traveller para as famílias e ainda o Mini Pick-up.

Mini Contryman “Woody”ilustra o charme absoluto do Mini
Mini Contryman “Woody”ilustra o charme absoluto do Mini

Com o seu pequeno motor de 848 cm3 de 34 ch, o Mini veio revolucionar o mercado oferecendo um comportamento inédito neste tipo de veículo. No entanto devido ao desenvolvimento demasiado rápido do projecto, o começo da sua carreira revela-se aquém das expectativas. O Mini apresenta alguns problemas de juventude, tais como, a entrada de água no habitáculo assim como certos problemas de distribuição. O que vai obrigar Alec Issigonis a fazer algumas alterações para corrigir rapidamente os problemas. A partir daí as vendas vão aumentando exponencialmente tornando-se um verdadeiro sucesso.

A Magia Cooper

Ainda que Alec Issigonis sempre tenha afirmado que as performances não fizeram parte das prioridades na concepção do Mini. A verdade é que a hábil repartição do peso, o seu baixo centro de gravidade faz do Mini um carro bastante eficaz e perfeitamente adaptado para a competição. O que não passou despercebido a John Cooper, conhecido por ter feito a fórmula 1 entrar na era moderna ao ter introduzido o motor traseiro nos monologares. Este propõe ao seu amigo Alec Issigonis a realização de uma versão desportiva do Mini, transformando-o num autêntico carro de competição.

Em 1961, surge o primeiro Mini Cooper que se diferencia principalmente a nível mecânico, o motor vê a sua cilindrada aumentar para 997 cm3 , equipado com um carburador duplo este é capaz de desenvolver 56 ch em vez dos 34 ch originais. O Mini Cooper adopta um novo sistema de travagem, utilizando discos de 7” fornecidos pela Dunlop, os mais pequenos do mundo. A espécie vai evoluindo e a partir de 1963 surge o Cooper S de 1071cm3, substituído rapidamente pelo motor de 1275 cm3 de 75 ch.

Desde logo o Mini Cooper faz sensação nos circuitos, a sua agilidade permite-lhe ótimos resultados superando marcas prestigiadas como a Jaguar. James Hunt, Niki Lauda e Jackie Stewart começaram as suas carreiras em Mini Cooper. Mas onde o Mini vai ganhar renome internacional será no campeonato de ralis, onde ganhará por  três vezes o mítico e exigente Rallye de Monte Carlo, em 1964, 1965 e 1967.

Com a chegada da terceira geração o contrato com John Cooper não é renovado. Por cada Mini Cooper, este recebia 2£ pela utilização do seu nome. A designação Cooper vai então desaparecer da gama em 1971 e é substituído pelo Mini 1275 GT.

O Mini 1275 GT veio em 1969 substituir o Mini Cooper apesar de menos potente
O Mini 1275 GT veio substituir o Mini Cooper apesar de menos potente.

Mini Superstar

Durante os seus 5 primeiros anos de existência o Mini representou uma revolução no mundo automóvel. Depois de um arranque a meio gaz, mas com a resolução rápida dos seus problemas iniciais, o Mini  começa uma extraordinária carreira atingindo o milhão de unidades em 1965.

O famoso Mini de Mr. Bean
O famoso Mini de Mr. Bean

Este sucesso deveu-se às inúmeras versões existentes, ao sucesso desportivo do Mini Cooper e não esquecer pela influência de celebridades que adoptaram desde logo o Mini. Nomes como os Beatles, Steve McQueen, ou ainda Peter Sellers fizeram do Mini um ícone dos anos 60.

Todos queriam o Cooper S, era o caso de Steve McQueen aqui ao lado do seu .
Todos queriam o Cooper S, era o caso de Steve McQueen aqui ao lado do seu .

O Mini foi ainda protagonista de cinema no filme The Italian Job (Um Golpe em Itália) com Michael Caine, onde três Mini Cooper protagonizam perseguições incríveis nas ruas de Turim.

O Mundo Mini

John Cooper com os seus modelos desportivos,  não foi o primeiro a explorar a potencialidades do Mini. Desde muito cedo a BMC começou a acrescentar versões ao Mini de 3 portas. Em 1960 apresenta uma carrinha comercial e de passageiros, um pick-up em 1961, assim como, o Mini Riley Elf e o Wolseley Hornet as versões luxuosas com bagageira saliente, grelha frontal vertical tipicamente inglesa e interiores em pele e madeiras refinadas.

Wolseley Hornet, Mini Riley Elf eram as versões luxuosas do Mini.
Wolseley Hornet, Mini Riley Elf eram as versões luxuosas do Mini.

Um dos derivados do Mini mais conhecidos é o Mini Moke, originalmente concebido para responder a um concurso público do exército, vai transformar-se num veículo de lazer.


Também empresas independentes vão lançar-se na construção de derivados desportivos do Mini. O Ogle sx1000, um GT em Fibra de vidro com base no Cooper S. O Unipower GT, que com o motor central traseiro fazia lembrar um Ford GT40 em miniatura, ou ainda o coupé Mini-Marcos GT vendido em kit.

Uma Nova Era Começa

Em 1994, o grupo Rover é vendido ao gigante alemão BMW, este continua a apostar na produção do Mini agora sob a marca Rover e vai ainda relançar o renascimento do Mini Cooper.

O velho Mini continua a sua carreira até ao ano 2000, com um total de 5,4 milhões de unidades em 41 anos de produção. Enquanto isso a BMW prepara o novo Mini que será apresentado em 2001.

Mas isto é outra história…

Vive a Tua Paixão.

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