Está em exibição o filme Le Mans: O Duelo, uma super produção de Hollywood sobre a primeira vitória da Ford na famosa corrida com o GT 40.
Para além do feito desportivo a história do Le Mans 66 : O Duelo é a história de um homem ofendido, de dois anos de esforços e desafios para desenvolver o automóvel e a paixão pelas corridas de dois homens contra os interesses económicos dos “colarinhos brancos”.
Ford vs. Ferrari
Estamos em 1963, a Ford Motors Company está a perder terreno face aos seus concorrentes da GM (General Motors). Para rejuvenescer a sua clientela e ganhar prestígio, Henry Ford II neto do fundador decide investir na competição automóvel internacional, seguindo o conselho de Lee Iacocca (ver qual a função).
Para isso, Ford vai fazer uma proposta de compra à Ferrari que atravessava graves dificuldades financeiras. Depois de intensas negociações, Enzo Ferrari recusa perder as rédeas da Scuderia e aproveitando o interesse da Ford na Ferrari, vai fazer negócio com a Fiat, inflacionando o preço da sua empresa.
O que deixa Henry Ford II muito ofendido, que estabelece como prioridade absoluta a humilhação de Enzo Ferrari na prestigiada corrida do Le Mans, onde a Ferrari dominava há vários anos.
Matt Damon, Christian Bale Geniais
É aí que entra em cena Caroll Shelby, um ex piloto do Texas (o único americano a ter vencido o Le Mans), convertido em pequeno construtor e preparador de automóveis, interpretado por Matt Damon em grande forma. Este convida ken Miles, um mecânico inglês e piloto genial para o ajudar no desenvolvimento do GT40. Este é interpretado de forma soberba por Christian Bale que emagreceu 30 quilos para encarnar a personagem, assim como reproduz na perfeição o sotaque inglês do piloto.
Mais do que um filme sobre corridas de automóveis, este é um filme de homens das suas paixões e das ambições. Por um lado temos os nossos dois heróis que nutrem a mesma paixão pela competição automóvel, e do outro lado o vice-presidente da Ford Leo Beebe que aspira ascensão na empresa.
Um verdadeiro confronto interno, que nos leva a viver intensamente a história e a desejar o sucesso dos nossos dois heróis.
Quanto às cenas de ação, James Mangold privilegiou as cenas filmadas com verdadeiros automóveis, ao invés da utilização de imagens geradas por computador que embora presentes não são exageradas. Assim as cenas de corrida são bastante realistas, filmadas sob vários pontos de vista. Como por exemplo no interior do automóvel ao nível do olhar do piloto.
As cenas são imersíveis, vivemos intensamente a corrida como se lá estivéssemos, cheguei mesmo a desejar que a corrida não terminasse. Tudo ao ritmo de uma excelente banda sonora que nos transporta em pleno nos anos 60.
Nem se vê o tempo passar
Se as 2h30 do filme podem parecer longas para um filme sobre corridas automóveis, o facto é que não se vê o tempo passar. O filme aborda os detalhes históricos com consistência, apresentando um equilíbrio entre as cenas de ação e as cenas dos bastidores bastante eficaz. A produção vai mesmo reproduzir porções do circuito de Le Mans e das tribunas como no eram nos anos 60.
Os automóveis utilizados são réplicas dos automóveis utilizados na altura, tais como o Ford GT40, AC Cobra e claro os Ferrari P3.
Vale a pena ver?
Claro que vale a pena, pois mesmo que não seja um entusiasta automóvel e de competição automóvel, passará um bom momento, à imagem de Rush de Ron Howard, o Le Mans 66: O Duelo é sem dúvida um dos melhores filmes de automobilismo.