Em 1921, a marca Citroën conta apenas com um modelo no seu catálogo. Se este modelo permitiu-lhe ser o primeiro construtor a produzir um automóvel em série na Europa, o seu ambicioso patrão não quer ficar por aqui e continua com o desejo de democratizar o automóvel propondo um veículo económico destinado ao maior número. Assim no Salão Automóvel de 1921 apresenta o Citroën Type C.

No início dos anjos 20, a Citroën é uma jovem mas promissora marca automóvel, tendo no seu catálogo o Citroën 10HP, um verdadeiro sucesso. Mas André Citroën quer mais, a sua ambição é democratizar o acesso ao automóvel. Vai então encarregar o engenheiro Jules Salomon, o pai do Type A e Edmond Moyet que tinha trabalhado no projeto Type CC da Amilcar, a concepção do novo modelo.
Numa altura em que o governo francês estimula os construtores a produzirem ciclecars (veículos de 1 ou 2 lugares com um peso máximo de 350 Kgs), André Citroën prefere investir num verdadeiro automóvel que fosse próximo técnica e esteticamente do Citroën 10 HP, mas de reduzidas dimensões. A Citroën vai assim entrar no terreno dominado pelo Peugeot Quadrilette e o Renault IG.
É no Salão Automóvel de Paris de 1921 que é apresentado o novo modelo, com a denominação Type C 5 HP (HP – Horse Power refere-se à potência fiscal). Com uma distancia entre eixos de 2,25mt, um pequeno motor de 4 cilindros com 856 cm3 de cilindrada desenvolvendo uma potência de 11 cv e um peso pluma de 543 kg que permitia ao Type C atingir uma velocidade de 60 Km/h, com um consumo de apenas 5 litros aos 100. Inicialmente proposto com uma carroçaria torpedo de 2 lugares de cor amarela, que lhe valeu o apelido de “ petit Citron” (pequeno limão) pelo público. Seguiu-se-lhe o cabriolet também de 2 lugares, um modelo mais luxuoso.
A Democratização do Automóvel
Fiel à sua filosofia de inovação e com o objetivo de atrair novos clientes, o Citroën Type C é um carro à frente do seu tempo. Pois tinha equipamentos inéditos para um automóvel dito popular, tais como a ignição e faróis elétricos.

Mas André Citroën não se fica por aqui, permite aos seus clientes a aquisição do seu automóvel a crédito, graças a uma sociedade de crédito ao consumo criada pelo próprio, coisa nunca feita na Europa. Inova igualmente nas campanhas publicitárias do Type C, apresentando uma mulher aos comandos do automóvel, o que não era hábito na época. Campanha que trouxe os seus frutos, o Citroën Type C era o modelo preferido da clientela feminina pela sua facilidade de utilização.
Evolução Tranquila
Apresentado no Salão Automóvel de 1921, a sua produção efectiva começa na primavera de 1922, o seu sucesso é imediato. No ano seguinte o chassis sofre alterações, aumentando a distancia entre eixos de 10 cm para atingir os 2,35 mt, permitindo o lançamento de uma versão de 3 lugares com um assento dobrável ao lado do condutor. O que se revelava pouco prático, pois era necessário recuar o banco do passageiro. Esta solução foi substituída no ano seguinte por uma versão de 3 lugares fixos: dois à frente e um lugar traseiro central, que iria dar origem ao apelido “trevo” pela disposição dos bancos.

No ano de 1924, todos os modelos estão equipado de novos pneus Michelin de baixa pressão comfort, o sistema de refrigeração é reforçado com um ventilador para evitar o sobreaquecimento, a suspensão é melhorada com novos amortecedores e novas cores são propostas: azul, bordeaux, havana.
Sucesso de Vendas
Lançado em 1922, o Citroën Type C desde logo se tornará no modelo mais vendido da marca, representando 50% das vendas totais da marca. Este sucesso deve-se ao seu baixo consumo de gasolina, o seu custo de manutenção quase inexistente, uma fiabilidade a toda a prova e claro o seu preço particularmente atrativo.
O Type C foi no seu tempo um dos carros mais conhecidos ajudando a Citroën a atingir uma grande popularidade. Este foi de certa forma o primeiro automóvel popular europeu, sendo fabricado em vários países, tais como: Espanha, Bélgica, Inglaterra e Itália.
O seu sucesso foi tal, que foi copiado pela Opel com o nome 4/12PS, comercializado em verde era conhecido carinhosamente na Alemanha como a rã. Tal não agradou André Citroën que intentou um processo de plágio que estranhamente não foi aceite em Berlim.

Mudança de Estratégia
Apesar de um surpreendente sucesso comercial, o Citroën Type C não é rentável o suficiente, o que levou André Citroën a pôr em causa a sua produção para poder financiar os seus novos projetos.
Assim, em 1926 após uma produção de 80322 unidades e contra todas as expectativas André Citroën interrompe a carreira do Type C, para se concentrar num modelo único mas mais rentável e investir em mais uma inovação: o automóvel com estrutura totalmente em aço, em colaboração com o americano Budd. Será então o Citroën B10 o pioneiro a utilizar esta tecnologia seguido pelas suas evoluções B12 e B14.
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