A Bugatti comemora este ano 110 anos de existência. O museu “Cité de L’automobile” em Mulhouse celebra este aniversário em parceria com a Bugatti apresentando a exposição temporária “Les Incomparables Bugatti”, onde reuniu 10 modelos emblemáticos, alguns únicos no mundo. Fui dar uma espreitadela e conto-vos como foi.
“ Se é comparável então não é um Bugatti “ – Ettore Bugatti
A Bugatti é uma marca que faz fantasiar qualquer petrohead , deve a sua origem a Ettore Bugatti oriundo de uma família de artistas, este era um apaixonado pela mecânica. Depois de colaborar com vários construtores decide em 1909 criar a sua própria empresa dedicada aos automóveis de luxo e de prestígio. Desde logo distinguiu-se na competição automóvel da primeira metade de séc.XX com um palmarés invejável, cerca de 10000 vitórias e 37 recordes. Ettore Bugatti criava os seus automóveis como verdadeiras peças de arte, resultando em modelos únicos no panorama automóvel anterior à Grande Guerra. Infelizmente com a morte do seu fundador a marca acaba por apagar-se nos anos 50.
Depois de uma longa ausência o empresário italiano Romano Artioli tenta fazer renascer a mítica marca em 1991 com o Bugatti EB110, mas sem sucesso. Será o grupo Volkswagen a consegui-lo em 1998, pelas mãos de Ferdinand Piëch neto de um certo Ferdinand Porsche, que adquiriu a Bugatti para ser a montra tecnológica do grupo Volkswagen com os resultados que todos conhecemos.
Coleção Schlumpf
O museu “ Cité de L’Automobile” deve a sua criação à coleção dos irmãos Hans e Fritz Schlumpf que fizeram fortuna na indústria têxtil. Verdadeiros entusiastas de automóveis e de “Bugatti’s”em particular, decidem investir grande parte da sua fortuna na aquisição de automóveis clássicos, os quais são restaurados numa oficina especialmente criada para o efeito. Ao todo são armazenados em segredo cerca de 500 automóveis com o objetivo de abrir um complexo turístico constituído por um museu e vários hotéis, infelizmente o objetivo nunca foi concretizado. Após a grave crise têxtil dos anos 70, são obrigados a decretar falência. Após um período conturbado a coleção é salva e classificada património nacional para evitar a sua dispersão pelo mundo.
Actualmente considerado o maior museu automóvel do mundo, o “Cité de l’Automobile”possui cerca de 400 automóveis expostos ao público e cerca de 200 nas suas reservas. Podemos encontrar o Peugeot Type 8 de 1893 até ao Bugatti Veyron de 2005, retraçando a história da indústria automóvel. Possui ainda a maior coleção Bugatti do mundo, quem melhor para apresentar esta exposição.
Os Bugatti incomparáveis
A exposição “les incomparables Bugatti” transporta-nos através os 110 anos de história da Bugatti, desde o nascimento de Ettore Bugatti até à atualidade destacando todas as datas importantes. A presença de 10 modelos da marca é a cereja no topo do bolo. Imagino como deve ter sido complicado aos organizadores fazer esta seleção, tal é a beleza dos modelos produzidos por Bugatti.

Para destacar o passado glorioso da marca temos o Bugatti “Royale” Coupé Napoléon de 1929, também conhecido pelo “coupé do patrão” era o carro pessoal de Ettore Bugatti. Este Type 41 é um dos seis produzidos dos quais este museu possui três. Imponente pelas suas dimensões com 6,40 metros de comprimento; pelo seu motor de 12000cm3 com 300 cv; e pelas suas performances 200km/h de velocidade máxima. Este é sem duvida um dos mais excepcionais automóveis jamais construídos.
Um dos mais impressionantes desta exposição é o Bugatti Type 32 – “Tank de tour” outra das raridades apresentadas, construído para participar no Grande Prémio de França em 1923, este é uma revolução técnica e sobretudo estilística com a sua carroçaria “asa de avião” envolvente e de baixo perfil, fruto dos incessantes estudos aerodinâmicos realizados por Bugatti.

Seguem-se o mítico Bugatti de turismo Type 57 S “Atlante” ; o Bugatti Type 51 “Grand Prix” concebido para suceder o famoso Type 35, um dos mais premiados em competição. E ainda o Type 251 Monoplace de 1956, o único automóvel de fórmula 1 construído pela fábrica de Molsheim, este já com o filho Roland Bugatti aos comandos da empresa.

Para representar o breve período italiano da Bugatti, temos o EB110 desenvolvido pelo empresário italiano Romano Artioli, antes da marca ser absorvida pelo grupo Volkswagen.

Para representar a era Volkswagen temos um Bugatti Chiron, um Bugatti Divo e o Bugatti Veyron residente do museu, nada mais nada menos que 4001ch reunidos.
Para terminar destaque para o Bugatti Galibier 16C um protótipo único concebido para assinalar o centenário da marca em 2009, tendo feito uma única aparição em público no Salão de Frankfurt 2010. Modelo de 4 portas cheio de referências ao passado, nomeadamente ao Type 57 Galibier.

Mas não só de automóveis é composta esta exposição, também nos apresenta algumas peças de arte ligadas à família Bugatti : esculturas de Rembrandt Bugatti e peças de mobiliário de Carlo Bugatti.
Esta é uma excelente exposição aberta ao público até ao dia 3 Novembro, num excelente museu que merece a visita de qualquer petrolhead. Eu por mim voltarei de certeza para explorar este imenso museu.
A exposição em imagens: